quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Qual é o futuro do dinheiro - e quais riscos enfrentamos?



Não se surpreenda ao entrar em um restaurante da rede americana KFC em Hangzhou, no leste da China, e ver dezenas de pessoas sorrindo para comprar comida.
Ali uma câmera no balcão analisa o rosto do cliente, verifica sua identidade a partir dos registros do aplicativo Alipay e, em poucos segundos, o pagamento é efetuado.
Hoje em dia, smartphones permitem que digitais, íris e voz - ou até mesmo a própria presença física em uma loja - sejam suficientes para pagar por compras.
Na África, por exemplo, é comum comprar a passagem de ônibus ou transferir dinheiro por meio de uma mensagem de celular. Esse setor vem evoluindo tão rapidamente que está cada vez mais difícil prever exatamente o que vai acontecer nas próximas décadas.
Mas uma coisa é certa: milhões de pessoas vêm usando seus smartphones não apenas para fazer pagamentos, mas para gerenciar seu dinheiro - desde pedir empréstimos a doar para a caridade.
Na China, os pagamentos eletrônicos cresceram 63% entre 2014 e 2015. No Reino Unido, eles já ultrapassaram o uso de cédulas e moedas. O avanço no número de caixas eletrônicos no mundo - e as ameaças à sua existência


Confiança
A tecnologia está reinventando os pilares das nossas finanças.
Desde o século 16 a.C., as mercadorias eram trocadas por meio de uma moeda - os búzios. Mais tarde, no século 7 a.C., as moedas passaram a ser cunhadas na Lydia, atual Turquia, a partir do eletrum - um liga natural de ouro e prata encontrada nos leitos dos rios. Posteriormente, o dinheiro em papel foi introduzido na China. Conhecido como "dinheiro voador" devido à sua conveniência e leveza, era regulado pela autoridade central do país. Segundo Ben Alsop, curador da City Money Gallery do Museu Britânico, em Londres, tal sistema injetou na sociedade um conceito vital - confiança.
Confie nas autoridades, e confie que esse pedaço de papel vale, na verdade, alguma coisa. Assim, por anos, as moedas foram tradicionalmente emitidas por governos a partir de seus bancos centrais. Agora, as criptomoedas podem ser criadas e armazenadas eletronicamente em um sistema completamente descentralizado. Mais de 1 mil delas existem globalmente, sendo o bitcoin a mais conhecida.
Tudo isso traz à tona questões sobre o controle e a influência. Quem controla a moeda - governos ou redes de computadores? Quem controla o que pagamos - empresas de tecnologia, de processamento de pagamentos ou bancos? Mas, sem dúvida, a pergunta mais importante é: quem controla os dados sobre nossas transações financeiras: você ou eles?

O poder dos dados
Dentro de um escritório no topo de um prédio de tijolos no leste de Londres, uma startup de inteligência artificial tem 12 funcionários e ambições crescentes. A Cleo AI opera como uma assistente digital que conecta as contas bancárias dos usuários e os ajuda a gerenciar seu dinheiro. Eles fazem perguntas sobre seus gastos por meio de serviços de mensagens instantâneas, como o Facebook Messenger, e o aplicativo responde.
"Concebi a Cleo para solucionar meu próprio problema", diz o fundador e CEO da empresa, Barney Hussey-Yeo, de 27 anos. "Achava uma loucura que todo mês entrava no cheque especial. Então, criei a Cleo para se conectar à minha conta bancária e me dizer quando eu estava ficando no vermelho. Isso mudou a minha relação com meu dinheiro", conta.
Aplicativo ajuda a controlar gastos e oferece conselhos financeiros a partir do Facebook
A assistente virtual foi lançada no Reino Unido e já possui mais de 100 mil usuários, mas Hussey-Yeo sonha alto: ele espera ter 1 bilhão de clientes ao redor do mundo e "lançar uma ofensiva contra os bancos".
Como? Ele argumenta que as assistentes virtuais podem substituir os aplicativos dos bancos, encontrando negócios melhores ao analisar os dados de transação dos últimos 12 meses.
"Se você tem um cartão de crédito e está pagando juros, vamos ajudá-lo a mudar isso. Se você está gastando além do seu limite, vamos ajudá-lo a mudar isso. No futuro, estaremos oferecendo produtos que são mais baratos, melhores e mais rápidos do que o que os bancos estão oferecendo", diz ele.
"A Cleo nunca será um banco de varejo, mas ela vai desempenhar algumas funções de um banco de varejo, como pagar amigos e tomar um empréstimo", acrescenta.
A convicção de Hussey-yo talvez esteja baseada, em parte, na China, onde o aplicativo WeChat foi lançado como um serviço de mensagens instantâneas, mas agora se tornou um imenso e valioso negócio, oferecendo uma gama de serviços financeiros. Leia mais no BBCBrasil

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