sábado, 21 de março de 2009

A dor de um cidadão general (parte I)

Recebemos este texto por email e decidimos publicá-lo, para que mais pessoas tomem conhecimento do desabafo deste cidadão. Como é muito longo, vamos dividí-lo em capítulos e publicar um a cada dia.

Peço desculpas, mas a reflexão vem de dentro de minha alma. Pensei muito para encaminhá-la. É um grito de dor e de vergonha de um cidadão de 81 anos de idade. Acabava de ver à senhora Renilda Santiago, esposa desse Marco Valério, chorar na TV. Fiquei chocado. Uma brasileira humilhou-se e foi humilhada perante toda a Nação. Imagino os filhos vendo a mãe derramar lágrimas, em público, e, pela fisionomia dela, senti que o seu rosto era de uma mãe amargurada. Sou de uma época em que a mulher, como norma, era considerada Deusa.
Sou o General Reformado Francisco Batista Torres de Melo. Sou um cidadão brasileiro. Tenho 81 primaveras e na minha vida de militar comandei durante 18 anos. Vi de tudo e inclusive enterrei filhos de soldados meus, mortos pela fome, quando eu estava no comando da Polícia Militar do Piauí.
Comandei a Polícia Militar de São Paulo de 1974 até 1977. Lá, vi o pior, que é a família paulista correndo o risco de ser destruída pela droga. No comando do CPOR de Fortaleza (1970 – 1972) apoiei a UFC em tudo que era possível, desde a arte até ter universitários morando no quartel, pois não tinham o que comer. Fui para a reserva em 1988. Logo depois, fui candidato a prefeito de Fortaleza. Pediram que eu negasse a minha qualidade de militar e de general. Não aceitei. A coisa que mais me honra é ser General do Exército Brasileiro. Perdi, mas lutei com dignidade e vi fatos que degradam a pessoa humana. Fui vereador de minha cidade e ao término merecia respeito de todos, inclusive de adversários políticos de esquerda.
No início do governo Collor (Outubro de 1991) criamos o Grupo Guararapes visando a defesa da soberania e da unidade nacionais, com ordem e progresso, asseguradas por Forças Armadas fortes e unidas, como nossos objetivos. De lá para cá é o que temos feito. Fui nomeado para tomar parte na Comissão Especial de Investigação no governo Itamar Franco. Grandes bandidos foram protegidos dentro e fora do governo, ao final. O novo governo de FHC começou assinando o primeiro decreto, acabando com a Comissão e dando fim aos papéis. Os ladrões salvaram-se, graças ao seu indigno salvador.
Durante quatro anos fui Provedor da Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza. Temos o orgulho de afirmar que a salvamos do desastre total. Hoje, sou Presidente da Instituição Lar Torres de Melo, (nome dado em honra ao meu pai), que toma conta de 250 idosos, sendo que mais da metade vive em cima de camas, sem mais saber de nada. Temos, ainda mais, a responsabilidade de 93 idosos do programa Conviver. É uma luta de “louco”. Eu sou isso.

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