segunda-feira, 23 de março de 2009

A dor de um cidadão general (Parte II)

Lutei no governo FHC para que o Brasil fosse um país sério. Vi um governo roubando, esfacelando, alienando uma nação e tentando acabar com as Forças Armadas. Ele queria ser, no futuro, Secretário Geral da ONU e para isso seria até capaz de vender o seu País. Na minha ótica, nunca um governante brasileiro foi tão nocivo aos interesses de nossa Pátria.
Depois, no governo Lula, em quem a Nação depositou tantas esperanças, começou a surgir o lamaçal do Mensalão, dos Correios, dos desprezíveis Delúbios, Zés Dirceus, Genuínos, as revelações dos bordéis e cafetinas, etc, deixando-me a pensar em que a minha geração fracassou. Jamais poderia imaginar que a Sociedade Brasileira estivesse tão podre. Lutei e gritei o que pude e vou morrer sem ver o meu País voltar a ser governado por homens sérios e dignos como os formados pelo chamado período militar, dos benditos “anos de chumbo”.
A minha revolta chega, quase, às raias da loucura. Quando o Grupo Guararapes, todas terças-feiras, às 1700 horas, reúne-se, tenho vontade de gritar todos os nomes extravagantes que aprendi vivendo essa vida feia que aí está. Sou contido por ser um general do Exército Brasileiro, que não pode perder a calma. Mas, como ser calmo se no dia 26 de julho tive um momento de pura dor e hoje me envergonho de pertencer a uma sociedade que está insensível. Milhões de Reais e Dólares roubados e eu lutando, desesperadamente, para salvar vida dos brasileiros de bem e os bandidos soltos, gargalhando felizes na sua impunidade. Pode uma coisa destas?
Ontem, encontrei um amigo. Conversamos e, ao nos despedirmos, comentei com ele a concessão de Habeas Corpus aos criminosos que estão à larga na mídia. Ele me perguntou se eu não tinha tomado conhecimento que o instrumento havia mudado de nome. Eu fiquei perturbado. – Agora, general, é Habeas Porcus. Tinha sido dado aos nobres criminosos: Delúbio, Valério e Sílvio e negado à senhora Renilda. Era a mais fraca e, talvez, a que mais precisasse. É a inversão de tudo. Foi preciso que o presidente e o relator da CPMI fossem até ao STF para pedir que não mais se dessem Habeas Corpus (Porcus). Justiça não se pede. Justiça será um direito, quando esse direito tem sentido, na Lei e na Ética.
No dia 27 de julho, fui à Instituição de Idosos que presido e lá encontro duas senhoras. Uma desgraçada chorando e a outra que a tirou da rua. Quando tomei conhecimento da desgraça daquela mulher, produto do roubo dos Delúbios da vida e que têm direito ao tal Habeas Porcus, fiquei traumatizado. Quanto sofrimento. Resolvi o caso dela e no dia seguinte a encontrei passeando e me perguntou: “eu sou aquela” e riu. Ri também e mais revoltado fiquei, pois os canalhas da República estão soltos.

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