quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Crônica da Semana


Arriba Y Abajo

Houve uma época em que eu, Delman Aquino, Jorge Magalhães e Assis Freitas Filho, sentávamos todos os dias no bar Degraus, a partir das 18 horas até tarde da noite. Às vezes, saíamos dali e continuávamos a farra em outros bares da cidade. E sempre tinha um engraçadinho pra inventar um modo novo de beber.
Foi assim que inventaram o jogo do “Zero a Cem”, onde quem perdia tinha que virar uma dose inteira de cachaça. Numa dessas ocasiões, Assis, que dos quatro, era quem menos agüentava beber, perdeu muitas partidas e embriagou-se. O pior é que sua mulher, Silvinha, que não o acompanhava nas farras (Maura era a única mulher no grupo), o que tem de pequena tem de valente. E agora? Quem vai levar Assis pra casa?
Combinamos que todos iríamos, mas buscando um jeito de não encarar Silvinha. Assim foi dito, assim foi feito. Chegamos lá, encostamos ele na porta, batemos na porta e corremos para nos esconder. De trás do muro, ouvíamos a confusão e dávamos risadas.
De outra vez, um engraçadinho inventou de jogar dominó apostando copos de cerveja. Só que tinha que entornar de uma só vez, sem tirar da boca. Quem pensa que é fácil, muito se engana. Os primeiros descem até bem, mas depois não passa mais nem um gole. É horrível.
Assim a vida ia seguindo. Quando eu e Carlinhos Ceguinho montamos um bar na avenida Getúlio Vargas, a turma passou a se reunir por lá. Foi numa destas oportunidades que eu me sentei à mesa e inventei uma nova moda de beber. Em determinado momento da farra, os copos eram enchidos de cerveja e, conforme o comando, a gente abaixava os copos, levantava, levava até o centro da roda e, daí, bebia de uma só vez todo o conteúdo.
Arriba! Abajo! Ao Centro! Adentro! Nessa brincadeira, esvaziamos várias caixas de cerveja. No dia Seguinte, Delman me contou o que aconteceu com ele. Disse-me ele que, saindo dali, foi pra seu apartamento no Parque Cajueiro. Subiu as escadas andando de quatro e me xingando: “Cristóvam me paga”. Quando finalmente chegou à porta do apartamento, levou outro bom quarto de hora para acertar o buraco da fechadura. Quando enfim conseguiu abrir a porta, encontrou Deni, sua mulher, de camisola e toda perfumada, que o convocou: “Arriba!” E ele:
Que “arriba” que nada. “Abajo, o “Adentro” acabou comigo...

Nenhum comentário: