quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

#Crer

Não faltam motivos para descrer da humanidade.
Vamos combinar que fizemos coisas extraordinárias, mas nossa passagem pela Terra não está sendo, exatamente, um sucesso.
Para cada catedral erguida bombardeamos três, para cada civilização vicejante liquidamos quatro.
A cada gesto de grandeza correspondem 5 ou 6 de baixeza, para cada Gandhi produzimos 7 tiranos, para cada Patrícia Pilar 17 energúmenos.
Inventamos vacinas para salvar a vida de milhões ao mesmo tempo em que matamos outros milhões pelo contágio e a fome.
Criamos telefones portáteis q funcionam como gravadores, computadores e às vezes até telefones, mas ainda temos problema com a coriza nasal.
Nosso dia a dia é cheio de pequenas calhordices, dos outros e nossas.
Rareiam as razões para confiar no vizinho ao nosso lado
O que dirá do político lá longe, cuja verdadeira natureza muitas vezes só vamos conhecer pela câmera escondida.
Somos decididamente uma espécie inconfiável, além de venal, traiçoeira e mesquinha.
E estamos envenenando o planeta, num suicídio lento do qual ninguém escapará. E sem falar no racismo, no terrorismo e no Big Brother Brasil.
Eu tinha desistido de esperar pela nossa regeneração. Ela não viria pela religião, que se transformou em apenas outro ramo de negócios.
Nem viria pela revolução, mesmo que se pagasse para o povo ocupar as barricadas.
Eu achava que a espécie não tinha jeito, não tinha volta, não tinha salvação.
Meu desencanto era total. Só o abandonaria diante de alguma prova irrefutável de altruísmo e caráter que redimisse a humanidade.
Uma prova de tal tamanho e tal significado, que anularia meu ceticismo terminal e restauraria minha esperança no futuro.
E esta prova virá neste domingo, se o Grêmio derrotar o Flamengo no Maracanã.
A volta da minha fé na humanidade não interessa, Grêmio. Pense no que dirá a História. Pense nas futuras gerações!


Luis Fernando Veríssimo, na manhã de hoje (03/12),
via Twitter (http://twitter.com/LuisFVerissimo).

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