Quando
perguntaram ao ator americano Morgan Freeman sobre o que ele acha do Dia da
Consciência Negra a resposta foi imediata: “Ridículo”! E eu concordo
plenamente. Antes, porém, devo dizer que Deus me deu muitas graças, e uma delas
foi ter quatro irmãos negros. Isso me tirou o desejo e o direito de ser
intolerante. Eu não faço discriminações de raça, sexo ou religião. Encaro todos
os seres humanos como filhos de Deus, meus irmãos.
Contudo.
tenho a sensatez de reconhecer que há pessoas boas e más, independente da cor
da pele, da orientação sexual ou religiosa. Independe também da situação
financeira ou posição social. Somos todos seres humanos, portanto, falhos,
imperfeitos, sujeitos a tentações de arrogância, prepotência, vaidade e todos
os demais sentimentos que acometem a nossa alma e nos divide em pessoas boas ou
más.
Eu não
tenho o perfil de um branco caucasiano, de cabelo liso e loiro com olhos azuis.
Mas nesse país de raças miscigenadas, por ter a pele clara e olhos verdes, sou
considerado branco. E já fui, e atualmente sou mais ainda, discriminado por
negros. Já comi o pão que o diabo amassou, sofrendo discriminação em locais de
trabalho onde a maioria do quadro funcional era composto por negros. Perdi,
inclusive, algumas promoções. Já fui discriminado até por amigos negros em
determinadas ocasiões.
Mas, como
eu disse antes, Deus me concedeu muitas graças, e uma delas é a de não guardar
rancor no meu coração. Muitas vezes me fiz de desentendido diante de alguma
discriminação, até para não ferir o sentimento da pessoa que estava me
discriminado, expondo sua falta de caráter publicamente.
Não sou
santo. Não sou perfeito. E por isso mesmo muitas vezes me vi reagindo a uma
agressão de forma agressiva também. Nestas ocasiões, esperei a raiva passar e
orei pedindo a Deus perdão pelo erro e força e sabedoria para não voltar a
cometê-lo.
Não trago
culpas na consciência porque não sou eu quem separa as pessoas pela cor da
pele, não crio cotas para negros, índios ou brancos. Não escravizei ninguém,
não espanquei ou matei homossexuais, não exijo privilégios por conta da cor da
minha condição social ou da cor da minha pele. E, acima de tudo, reconheço os
meus erros e sei pedir perdão sem nenhuma dificuldade, entendendo e aceitando
se a pessoa a quem possa ter ofendido, não me perdoar.
Aconteceu
uma coisa comigo que eu gosto de contar quando trato desse assunto, a título de
humor. Foi quando ainda era um adolescente cursando o ginasial. Eu queria
namorar uma menina e passei uma cantada nela que reagiu com raiva e desprezo:
“Sai daqui seu amarelo empapuçado”. A partir daquele dia assumi aquela como a
minha cor oficial.
Artigo publiccado há 5 anos.
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