sábado, 28 de dezembro de 2013

Panela de pressão



   
Este ano o Feiraguai não teve o movimento esperado pelos comerciantes. O presidente da Associação de Ambulantes, Nelson Dias, foi bem claro e direto na explicação dos motivos. Segundo ele, hoje mais de 90 por cento dos comerciantes do local está legalizado. Ou seja: Estão no mercado formal, emitindo nota fiscal e pagando imposto e todos os demais encargos sociais de um pequeno empresário. Isso faz elevar o custo das mercadorias que é repassado para os clientes.
         Ainda segundo ele, há um problema com o que chamou de “invasão chinesa”. Nelson disse que o então prefeito Kassab, de São Paulo, expulsou de lá os chineses que comercializavam mercadoria clandestinas, em concorrência desleal com os comerciantes instalados no mercado formal. Estes chineses teriam debandado para outras regiões do País, notadamente o Nordeste. E Feira de Santana está cheia deles.
         E a coisa não é de agora, pois, segundo Nelson, a empresa Plascalp, que fabricava insumos hospitalares em Feira de Santana, há alguns anos fechou as portas porque não conseguia fazer frente a desleal concorrência chinesa. Enquanto a empresa vendia uma seringa descartável por R$ 0,7, os chineses vendiam por R$ 0,2. Isso está acontecendo em todo o Brasil há muito tempo e creio até que em muitos países do mundo inteiro, onde os governos aceitam esta concorrência desleal, de um país que utiliza mão de obra escrava e por isso tem mercadorias com preços altamente competitivos.
         Mas não é só esse o problema do Brasil. Ainda esta semana ouvi um economista fazendo uma análise das perspectivas para a economia do Brasil no ano que vem, e elas não são nada otimistas. Segundo ele, tudo porque o Governo muda as regras do jogo ao sabor dos ventos, causando inseguranças aos investidores internacionais, que não se sentem assim motivados a trazer seus empreendimentos para o Brasil. Aliado a isso está o descontrole inflacionário, que o governo vem mascarando na esperança de controlar antes que aconteça uma volta ao caos financeiro em que o Brasil se encontrava antes do Plano Real.
         Este mesmo economista mostrou uma situação curiosa. Segundo ele, quem ganha hoje o mínimo necessário para ser isento de imposto de renda, se tiver o seu salário corrigido pela inflação oficial, no próximo ano terá que pagar imposto de renda. Ou seja: O seu salário será reduzido.
         A classe média, que paga a conta do Bolsa Família, está empobrecendo. A economia do Brasil está em queda. Em breve teremos apenas duas classes sociais: os ricos e os pobres. Por hora a panela de pressão apenas começou a chiar, com o alerta da queda do crescimento econômico que ficou em torno de 2%. Caso a válvula de escape conhecida como Copa do Mundo não funcione, a panela vai explodir. E ainda assim, caso funcione, não sabemos se será suficiente para aguentar a pressão que está vindo de todas as frentes, inclusive as tragédias naturais.

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