Eles usaram um produto químico para rejuvenescer
músculos em ratos, em um processo que disseram ser equivalente a
transformar um músculo de uma pessoa de 60 anos de idade em um de uma de
20 anos. A força do músculo, porém, não foi recuperada.
O estudo, publicado na revista Cell, identificou um mecanismo totalmente novo de envelhecimento e, em seguida, o reverteu.
Outros pesquisadores afirmaram que se tratava de uma "descoberta animadora".
O envelhecimento é considerado uma via de mão
única, mas agora pesquisadores da Escola de Medicina de Harvard
demonstraram que alguns aspectos podem ser revertidos.
A pesquisa teve como foco uma substância química
chamada NAD, cujos níveis caem naturalmente com a idade em todas as
células do corpo.
Experimentos mostraram que aumentar os níveis de
NAD, dando a camundongos uma substância química que eles naturalmente
convertem em NAD, poderia reverter os efeitos do tempo.
Uma semana depois da aplicação da medicação em
ratos de dois anos de idade, seus músculos se tornaram semelhantes aos
de um ratinho de seis meses em termos de função mitocondrial, perda de
massa muscular, inflamação e resistência à insulina.
A doutora Ana Gomes, do Departamento de Genética
da Escola Médica de Harvard, disse: "Nós acreditamos que esta é uma
descoberta muito importante."
Ela argumenta que a força muscular poderia retornar com um tratamento mais longo.
'Envelhecimento agradável'
No entanto, o método não representa uma "cura"
para o envelhecimento. Outros aspectos, como encurtamento dos telômeros
(que formam a estrutura das sequências genéticas) ou danos ao DNA não
podem ser revertidos.
Gomes disse à BBC: "O envelhecimento é
multifatorial, não se trata de um componente único a ser corrigido, por
isso é difícil de atingir a coisa toda."
O grupo de pesquisa pretende começar os testes clínicos em 2015.
Gomes afirmou que terapias em humanos são uma perspectiva distante.
"Pelo que sabemos até agora não acho que teremos que tomar (a droga) desde os 20 anos de idade até nossa morte."
"Parece que nós podemos começar quando já somos mais velhos, mas não muito velhos a ponto de já estarmos danificados.
"Se começarmos aos 40, provavelmente teremos um
envelhecimento muito mais agradável - mas temos que fazer testes
clínicos", disse ela.
Para o professor Tim Spector, do Kings College de Londres, a descoberta "é intrigante e emocionante".
"No entanto, é um caminho longo e difícil para
que experiências com ratos mostrem efeitos de antienvelhecimento em
seres humanos sem efeitos colaterais."
O doutor Ali Tavassoli, da Universidade de
Southampton, argumentou: "É importante notar que não foi observada
qualquer alteração no próprio rato com o um todo.
"Isso pode acontecer por duas razões. Ou eles
precisam ser tratados por mais tempo para que as mudanças que ocorrem
nas células afetem todo o organismo, ou alternativamente, as alterações
bioquímicas por si só não são suficientes para reverter as mudanças
físicas associadas ao envelhecimento."
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