Sujeito esperto estava ali! Cearense, pouca instrução, mas uma habilidade para enrolar que só as cabeças altamente privilegiadas podem ter. Driblador nato, assim como Garrincha. Acertava um serviço, atrasava a entrega e ainda ganhava uma gratificação. No namoro, enrolava uma, enrolava outra e ainda saia de vítima. “É um bom rapaz deve ser o trabalho!” avaliava o pai ou a mãe da moça. Na verdade, nascera prendado, sem ser bonito tinha uma irradiante simpatia!
Mas o tempo foi passando e o serviço militar bateu à porta. Já estava caminhado para os 21 na “maré mansa” sem pensar no Pavilhão Nacional. Quase aos empurrões apresentou-se para os exames. Forte, sadio, com cara de boa gente, não tinha como escapar. Mas a solução estava ali. “Como servir à Pátria, como fuzileiro naval, sem enxergar um palmo diante do nariz. Como?”
O oftalmologista coloca o cartão com as letras e ele alega não estar vendo bem. Coloca as maiores e ele com a cara mais simpática “não doutor, nada”. Já sem saber o que fazer o doutor pega uma vassoura e coloca em sua frente “agora sim doutor estou vendo é uma caneta, uma caneta”. Caso perdido esse rapaz tão simpático tem de ser dispensado, decide.
Dia seguinte até para comemorar a dispensa se aloja na amplidão do cinema Timbira, que ficara pequeno devido à presença de público, o filme era um sucesso. Comeu pipoca, mascou chicletes - naquele tempo era assim - e se levantou meio empenado, depois de quase três horas naquela cadeira nada confortável. Na saída do cine de cara se bate com o médico que dia antes havia feito seu exame de vista e ele, de forma magistral pergunta ao médico: “Amigo, sabe dizer se esse ônibus vai para o Sobradinho?”
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