domingo, 17 de janeiro de 2021

Nós merecemos mais

Não deveria nos interessar a escolha partidária de ninguém- Bolsonarista ou Doriano- nesse momento,  mas o que estamos vivendo com a politização da vacina e essa disputa intestinal entre os dois pela primazia da cena da primeira dose é estarrecedor, dramático, e vergonhoso.

Bolsonaro nunca foi um entusiasta da vacina e não fez negociações adequadas preventivamente - aliás, nem para seringas- e chegou a dizer que a vacina do Butantan ia fazer o cidadão virar jacaré. Desdenhou ao máximo. Com a tragédia batendo 200 mil mortos e com a Coronavac avançando correu atrás de vacina da Índia e até anunciou que um avião iria buscar 2 milhões de doses, só que nada estava certo com o governo de lá. O contrato diz que eles podem entregar até Abril e lógico que o governo Indiano não iria exportar vacina antes de começar vacinar seu próprio povo. O Brasil ficou com as calças na mão e o voo do avião- já plotado e parado em Recife- teve de ser cancelado.
Aí o Ministério da Saúde resolveu pedir a entrega de todas as 6 milhões de doses do Butantan. O Instituto concordou, mas pediu que a parte de São Paulo fosse informada quanto ficaria, como consta na resposta ao Ministério : “o quantitativo a ser destinado ao Estado de São Paulo para que o mesmo seja entregue diretamente ao CDL-SES-SP como de praxe para as demais vacinas produzidas pelo Instituto Butantan”.
O MS não respondeu porque o importante é que São Paulo não vacine primeiro. O governo quer a vacina jacaré.
 
Dória, por sua vez, inescrupuloso e carreirista tentou aprovar a cara vacina chinesa na marra, antes de ter os dados científicos concluidos, pois, sabia que seriam fracos e raspariam na trave da qualidade mínima. Assim, apresentou dados FALSOS sobre eficácia, fez marketing tentando consumar a venda, mesmo que fosse preciso arrebentar a reputação do Butantan, apoiado pelo vendedor de ilusões em que se transformou o Covas - de moral definitivamente enterrada- diretor do Instituto.
 
Agora, Dória e Bolsonaro, passam o dia a trocarem os mais sórdidos - e verdadeiros- insultos, disputando quem vai vacinar primeiro como ginasianos disputando quem tem o brinquedo  maior.
 
Enquanto isso o mundo já vacinou algo como 40 milhões de pessoas, temos mais de 200 mil mortos no Brasil, inclusive os asfixiados de Manaus.
 
Não é possível que alguém possa achar que nossos políticos, inclusive o presidente e o Ministério militar da Saúde, governadores,  agiram com a eficácia, planejamento, e dignidade, que os brasileiros merecem.
 

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