Não deveria nos interessar a escolha partidária de ninguém- Bolsonarista ou Doriano- nesse momento, mas o que estamos vivendo com a politização da vacina e essa disputa intestinal entre os dois pela primazia da cena da primeira dose é estarrecedor, dramático, e vergonhoso.
Bolsonaro nunca foi um entusiasta da vacina e não
fez negociações adequadas preventivamente - aliás, nem para seringas- e
chegou a dizer que a vacina do Butantan ia fazer o cidadão virar jacaré.
Desdenhou ao máximo. Com a tragédia batendo 200 mil mortos e com a
Coronavac avançando correu atrás de vacina da Índia e até anunciou que
um avião iria buscar 2 milhões de doses, só que nada estava certo com o
governo de lá. O contrato diz que eles podem entregar até Abril e lógico
que o governo Indiano não iria exportar vacina antes de começar vacinar
seu próprio povo. O Brasil ficou com as calças na mão e o voo do avião-
já plotado e parado em Recife- teve de ser cancelado.
Aí o Ministério da Saúde resolveu pedir a entrega
de todas as 6 milhões de doses do Butantan. O Instituto concordou, mas
pediu que a parte de São Paulo fosse informada quanto ficaria, como
consta na resposta ao Ministério : “o quantitativo a ser destinado ao
Estado de São Paulo para que o mesmo seja entregue diretamente ao
CDL-SES-SP como de praxe para as demais vacinas produzidas pelo
Instituto Butantan”.
O MS não respondeu porque o importante é que São Paulo não vacine primeiro. O governo quer a vacina jacaré.
Dória, por sua vez, inescrupuloso e carreirista tentou aprovar a
cara vacina chinesa na marra, antes de ter os dados científicos
concluidos, pois, sabia que seriam fracos e raspariam na trave da
qualidade mínima. Assim, apresentou dados FALSOS sobre eficácia, fez
marketing tentando consumar a venda, mesmo que fosse preciso arrebentar a
reputação do Butantan, apoiado pelo vendedor de ilusões em que se
transformou o Covas - de moral definitivamente enterrada- diretor do
Instituto.
Agora, Dória e Bolsonaro, passam o dia a trocarem
os mais sórdidos - e verdadeiros- insultos, disputando quem vai vacinar
primeiro como ginasianos disputando quem tem o brinquedo maior.
Enquanto isso o mundo já vacinou algo como 40
milhões de pessoas, temos mais de 200 mil mortos no Brasil, inclusive os
asfixiados de Manaus.
Não é possível que alguém possa achar que nossos
políticos, inclusive o presidente e o Ministério militar da Saúde,
governadores, agiram com a eficácia, planejamento, e dignidade, que os
brasileiros merecem.
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