segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Crônica de segunda

 

Feira do Bode *

 Nos idos anos sessenta/mamãe me metia medo

Menino não me atenta/senão eu chamo o bode preto

Era o bode de Helena/uma Mãe de Santo invocada

Dona de um imenso bode/que assustava a meninada

 E lá se vão trinta anos/e o bode volta a assustar

Um bode preto medonho/que o prefeito mandou buscar

Queria fazer um despacho/contra nossos nobres edis

Mas a macumba, que diacho/não teve um final feliz


A coisa virou notícia/chacota em todos os jornais

Gozações da oposição/registradas nos anais

Ridiculizado em horário nobre/o prefeito se abateu

Pois com o ebó do bode preto/foi o pai de santo quem morreu.

  * O ex-prefeito Clailton Mascarenhas caiu no ridículo quando o jornalista Edson Borges descobriu que ele havia encomendado os serviços de um pai de santo para fazer um “despacho” contra os vereadores da oposição. Esses versinhos foram publicados na coluna “Sempre Livre”, no jornal Tribuna Feirense.

NE: Publicado no livro A Levada da Égua e outras estórias (2003)

 

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