segunda-feira, 27 de julho de 2009

Morrer com dignidade*

Padecer de uma doença terminal ou ter uma doença degenerativa na velhice é muito triste e necessita de uma atenção especial. Vejo constantemente pacientes com câncer em UTIs, em fase terminal. Ou idosos, cujo limite da vida é quase imperceptível, padecerem artificialmente ligados a respiradores, máquina de hemodiálise, sondas enterais para alimentação, cateteres venosos, sonda na bexiga e punções venosas para os mais diversos medicamentos e punções numerosas para retirada de sangue para exames.
Todos sabem que estes pacientes vão morrer no espaço de dois dias a dois meses. Inevitavelmente. Nada lhes resta senão sofrerem distantes dos seus entes queridos, do seu quarto, da sua janela, sem ouvir os cantos dos pássaros. Sós, quase sós, numa unidade de terapia intensiva, fria, quase gelada, para manter em funcionamento os sofisticados e caríssimos equipamentos.
Os médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, e técnicos de enfermagem, não têm tempo para conversas, para acariciá-los, e, principalmente, para fortalecê-los nos momentos mais difíceis da sua vida, a eminência da morte. As visitas têm que ser rápidas, silenciosas e limitadas a poucos parentes ou amigos. As crianças e os animais ficam de fora. É proibido. O controle é quase total. A solidão, o frio e a dor estão presentes o tempo todo.
O custo para bancar esses absurdos varia de três a seis mil reais por dia. Um paciente terminal (sem chance nenhuma de sobrevivência) que passe em média 14 dias resultará num custo de 42.000,00 a 86.000,00 reais. Não estão aí computadas a dor, a solidão e a ignorância. Estes não têm preço em reais. Se houvesse uma conscientização sobre as indicações indevidas de pacientes terminais em UTIs, esse grave problema seria amenizado.
O que fazer então? A construção de hospitais especializados em pacientes terminais seria de grande valia e traria outros benefícios. Nesses hospitais o mais importante seria dar a estes pacientes uma atenção especial, onde a humanização seria o diferencial e profissionais especializados em tanatologia estariam dando treinamento constante à equipe e sendo o elo entre os profissionais, a família e o paciente terminal.
Nos grandes centros especializados em pacientes terminais e crônicos, estudos da neurociência e da psicologia constataram que muitos desses pacientes passaram a viver mais e com melhor qualidade de vida e que vários casos ditos terminais cujos tratamentos oncológicos foram contra indicados por não apresentarem regressão nos tumores, tiveram a regressão total desses tumores ditos terminais.
Cito como um desses grandes centros especializados em atendimentos só a pacientes terminais e sem condições de quimo ou radioterapia, na Califórnia, onde excelentes resultados foram comprovadamente confirmados. Esse centro é comandado pelo ex-radioterapeuta Dr. Carl Simonton.
Todo cidadão tem direito à vida com dignidade assim como, de morrer com respeito e dignidade.

* Dr. Eduardo Leite, médico.

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