segunda-feira, 2 de maio de 2011

Algumas observações sobre a Micareta


Eu “pulei” fora da Micareta, como tenho feito nos últimos anos, mas sempre volto no Domingo para participar do Bloco Tracajá, que este ano repetiu o sucesso dos anos anteriores, constituindo-se no verdadeiro bloco da Imprensa e dos artistas (lá, políticos, empresários e profissionais liberais são convidados ou parceiros). Com base nos comentários de colegas e de algumas coisas que presenciei, faço algumas observações:

Horários
Parece-me que as autoridades e os foliões estão redescobrindo a Micareta durante o dia e encerrando mais cedo à noite. Algumas pessoas já falam até em bailes noturnos em clubes ou casas de shows, para adultos.

Espaços
Os espaços alternativos estão se fortalecendo, dando opções para os mais variados gostos. Resta ainda algum ranço de gente que resiste em desfilar no seu próprio espaço e querer impor seu gosto, seu estilo e sua cultura em espaços que não os seus.

Violência
Parece que o policiamento preventivo e ostensivo surtiu efeito. Não se fala em ocorrências relevantes relacionadas com a festa. Mas, é claro, sempre tem algum policial procurando encrenca (farei algumas observações no final).

Políticos
Como este não é um ano eleitoral, eles andaram sumidos. Pude registrar as presenças de Carlos Geilson, Paulo Aquino, Zé Ronaldo (foto), Zé Neto e Lulinha no bloco Tracajá. Curiosamente, o prefeito e a primeira dama, figuras carimbadas do bloco, este ano não apareceram.

Foliões
Timidamente as manifestações espontâneas ainda aparecem, com alguns grupos fantasiando-se criativamente para brincar na avenida. Grupos classistas e culturais também começam a se firmar. Este ano tivemos o bloco da Agricultura Familiar, e o grupo cultural Quixabeira da Matinha desfilou em bloco próprio. Aliás, a Micareta é um palco excelente para os Bandos Anunciadores da Festa de Santana ensaiarem. E aí, pessoal?

Kalilandia
O espaço das crianças e idosos está cada vez melhor. Mas não se deve esperar muito das autoridades. O folião deve formar seus grupos e eles mesmos serem atrações. Que tal formarmos cordões e batucadas? Aliás, há uma ala dentro do Bloco Tracajá querendo mudar o desfile do Bloco da avenida para a Kalilandia. Eu aprovo a idéia. A avenida está congestionada e o Tracajá tem muito a ver com a Kalilandia. Aquele espaço tem mais a cara do bloco.

São João

Os festejos juninos marcando forte presença na Micareta. O bloco Folia Caipira, puxado pelo grupo de forró e vaquejada “A Vaqueirama”, mais uma vez “arrasou”. Um ótimo aperitivo para esperar o São João.

Outros Carnavais
Espaço também para os saudosistas que curtiram o Bacalhau na Vara e o Euterpe na Avenida, com Djalma e Dilma Ferreira mandando bem.

Pra não dizer que não falei dos espinhos

Como eu disse antes, tem sempre alguém procurando encrenca. Na saída do Bloco Tracajá, do nada apareceu um policial e se postou no portão de acesso, munido de um detector de metais, e resolveu revistar todo mundo. Se a gente fosse esperar que revistasse a todos, atrasaria a saída do bloco em, pelo menos, uma hora. O jornalista Andrews Pedra Branca resolveu apelar para o bom senso dele (que, pelo que se seguiu, não tinha) e fez ver a ele que ali estavam pessoas por demais conhecidas na cidade, gente tranqüila não afeita a balburdias ou violência. Foi o suficiente para ele se irritar e começar a gritar que estava apenas cumprindo sua obrigação, que Andrews era arrogante e que se continuasse a insistir que o prenderia. O deputado Carlos Geilson interveio e cochichou alguma coisa no ouvido dele, foi quando as pessoas aproveitaram a deixa e invadiram o portão. Foi ridículo ver a cara dele tentando fazer crer que foi ele quem liberou a entrada e que não houve invasão.

Agora ficam algumas questões no ar: Quem mandou ele pra lá? Pra fazer o que? Nos demais portões não havia ninguém mais controlando a entrada de foliões na avenida. E aquele detector de metais não estava funcionando, porque diversas pessoas passaram portando objetos de metal. Eu mesmo passei com várias moedas, celular e máquina fotográfica, no bolso, sem que o aparelho registrasse. No final da palhaçada, ficou a impressão que ele foi para lá com a missão de criar problemas para o pessoal do bloco. Mas, por que? Questão pessoal ou a mando de alguém? Os superiores dele deveriam apurar para dar uma satisfação à sociedade, ao pessoal da Imprensa pelo menos. Mas, duvido que o façam.

E tem mais. Sem nenhum motivo aparente, um tenente da PM resolveu prender as vans que faziam o transpor de passageiros para os distritos. O estranho é que esta fiscalização é atribuição da Superintendência Municipal de Transito, e algumas vans trabalham para o Sistema Integrado de Transporte ou sob licença da Prefeitura. Não havia nada irregular, a não ser as vans clandestinas que, em sua maioria são de propriedade de policiais e até pilotadas pelos mesmos quando estão à paisana. Estranho. Muito estranho.


Cristóvam Aguiar

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