sexta-feira, 20 de maio de 2011

Salvador sedia IV Parada do Orgulho Louco


O orgulho louco mostra sua cara e pede passagem, porque “de perto ninguém é normal”. No próximo sábado, dia 21 de maio, a Avenida Presidente Vargas, em Salvador, será ocupada por usuários de saúde mental de todo o Estado. Essa é a quarta edição da Parada do Orgulho Louco, que começa logo pela manhã, às 9 horas, com a caminhada guiada por trio elétrico que seguirá pela avenida, das imediações do morro do Cristo até o Farol da Barra. Essa atividade faz parte da programação que celebra o dia 18 de maio, quando se comemora a data nacional da Luta Antimanicomial.
A Parada traz às ruas as pessoas que se cuidaram e superaram suas dificuldades, exibindo seus jeitos diferentes de ser. Assim, “com força e ousadia, enfrentam-se os preconceitos que ainda encarcera o insano e exclui o alienado, proporcionando-lhe um espaço para que se exponha e ocupe seu lugar”, declara Josuéliton Santos, usuário do serviço de saúde mental e diretor-presidente da Associação Metamorfose Ambulante de usuários e familiares do sistema de saúde mental do estado da Bahia (Amea) uma das instituições responsáveis pela organização da parada.
Também estão na organização o Conselho Regional de Psicologia (CRP-03), o Núcleo Estadual pela Superação dos Manicômios (NESM) e estudantes do Grupo de Trabalho Eduardo Araújo (GTEA). O evento reúne ainda os usuários (as), familiares e trabalhadores (as) do sistema de saúde mental do Estado da Bahia, que, organizados (as) como um movimento social coletivo, buscam propagar as conquistas e comemorar os êxitos da “Reforma Psiquiátrica Antimanicomial”.
Segundo o usuário do serviço de saúde mental e membro da Amea, Sérgio Pinho, a Parada tornou-se uma das marcas da luta antimanicomial - que defende “o cuidado integral à pessoa em sofrimento mental, diferente da cultura dos manicômios que concebe a internação, aliada à contenção física e química, como alternativas únicas para o tratamento do transtorno mental”. “Por isso, uma das palavras de ordem é ‘Manicômio Não Cura, Manicômio Tortura’”, completa Pinho.

Atrações culturais
Diversas atrações musicais serão apresentadas na Parada, como a banda de pop-rock “Sombra Sonora” e o grupo de samba “Barlavento”; o “Fanresol” e o “Neologia”; além do cantor Gerônimo, que fará um show na apoteose do cortejo, no Largo que circunda o Farol da Barra.
Poetas farão suas performances e atores circenses e teatrais são convidados a exibir suas artes. Grupos de capoeira e rodas de samba estarão no trajeto, além de uma feira de artesanato que será montada nas imediações do Porto da Barra, com os objetos produzidos nas oficinas dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps).

A atenção do cuidado
“Para nós, a reabilitação psicossocial é possível, enquanto mantivermos o cuidado, tanto com o uso constante dos medicamentos, quanto com práticas terapêuticas”, afirma o presidente da Amea que acrescenta, como imprescindível, que haja atividades culturais, físicas e desportivas, além de capacitação para o trabalho, porque, essa pessoa que apresenta o sofrimento psíquico, também é um cidadão. “E ainda que mereça a atenção permanente de um cuidado especializado, pertence à diversidade desse organismo vivo que chamamos de sociedade”, conclui Josuéliton Santos.

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