sexta-feira, 3 de junho de 2011

O Deus Dinheiro


Desde criança meu esporte favorito sempre foi a caçada. Fosse de badogue, espingarda de pressão, cartucheira ou armadilhas. Também gostava de pescar. Era um predador nato. Mas, naquele tempo, havia muito espaço e muitos animais, uma fonte que parecia inesgotável de diversões e alimentos. No pátio da casa da fazenda onde eu passei boa parte da minha infância e juventude, era a coisa mais linda acordar com o canto dos pássaros e ouvir codornas, perdizes e nambus cantando na grama. Hoje, as predizes sumiram e codornas quase que não se encontra ou ouve cantar.

Nos meados dos anos 80 eu percebi o estrago que eu estava fazendo na Natureza, e compreendi a importância de todos os seres vivos para o equilíbrio ecológico. Depus minhas armar e passei a ser um combatente da caça e pesca predatórias. E nesse caminho conheci alguns imbecis que, como eu acreditava, acreditam que os recursos naturais são inesgotáveis. Não são. E a Natureza começa a cobrar um pesado tributo por tudo que temos tirado dela.

Porém, ainda assim, há gente que prefere fingir que não vê o que está acontecendo à sua volta. Dos ignorantes, dos imbecis, a gente ainda pode sentir pena e até tentar contê-los, mas, o que fazer quando quem agride a natureza é gente tida como inteligente e esclarecida? São os povos dos países ricos os que mais agridem o meio ambiente e resistem em adotar medidas eficazes para conter o estrago.

Tecnologia para tomar tais medidas nós temos, o que nós não temos é vergonha na cara. Ganância, o imediatismo, o pragmatismo, são os dogmas dos seguidores da religião do Deus Dinheiro. Em nome dele tudo se explica, se justifica, se faz, e se acredita que tudo que necessitamos o Deus Dinheiro proverá.

Somente agora, diante dos desastres naturais que ceifaram milhares de vidas, as populações de alguns países começaram a pressionar seus governos a parar com a loucura, e já se começa a falar em abandonar a exploração de energia nuclear. Quantos milhões mais terão que morrer para que se tome medidas efetivas para contenção do estrago? Quando vamos começar a reverter, de verdade, esta situação?

Quando penso nisso eu me lembro da pressão e do boicote que sofreu Thomas Edison quando disse que poderia iluminar as cidades com energia elétrica em vez dos combustíveis dos lampiões. O cartel dos exploradores do petróleo (sempre ele) fez de tudo para evitar que ele pusesse em prática a sua idéia. Seria um sistema de iluminação talvez nem mesmo mais barata, mas com certeza mais eficaz e menos poluente. Mas, os barões do petróleo só pensam no Deus Dinheiro, e por ele fazem qualquer coisa, até matar, ou morrer.

Mas quando a última árvore for derrubada, o ultimo rio secar, e a terra se tornar árida e inóspita, vão descobrir que dinheiro não se come.

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