O governo municipal quer, de uma
canetada só, elevar à categoria de bairro, seis áreas ainda consideradas como
“zona rural”. A bem da verdade, algumas com justa razão, outras, nem tanto. Há
controvérsias. E é aí que está o “X” da
questão, porque moradores destas localidades estão protestando contra a medida,
tomada de cima para baixo, sem consulta-los, e com todo direito querem se fazer
ouvidos, porque são cidadãos que votam e elegem governantes, e deles têm todo
direito de cobrar satisfações.
Os dirigentes do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais reconhecem que não se pode conter o progresso, e tudo que
cobram do governo é uma audiência para que sejam ouvidos nas suas reclamações e
argumentos, e quiçá possam receber alguma garantia de que não perderão direitos
adquiridos como, por exemplo, aposentadoria como trabalhadores rurais que o
são.
O governo alega falta de agenda, mas
promete receber uma comissão de trabalhadores/moradores, num dia de semana, às
18 horas, no Paço Municipal. Se é uma piada, é de mau gosto. Convocar
trabalhadores da zona rural para vir ou centro da cidade no final do dia, na
hora do “rush”, sujeitos a voltar para casa sabe-se lá que horas da noite, de
ônibus, só pode ser piada e de muito mau gosto. Trabalhador rural dorme cedo e
acorda cedo, e não vai achar transporte para a zona rural à noite. E mesmo que
seja de veículo particular, ainda há o risco de assaltos.
O que me intriga nessa estória é que o
prefeito José Ronaldo sempre demonstrou muito carinho pela zona rural, e também
não promove mudanças radicais sem observar as sequelas, os efeitos colaterais
que possa causar a quem trabalha e produz. Não é do seu feitio. Ele sempre foi
muito sensato e cordato quanto a isso.
Porém, desde o início desse seu novo
governo, eu tenho notado que alguma coisa mudou nele. Há algo que o incomoda e
entristece. Basta ouvi-lo falando, observar seu olhar e suas atitudes que se
pode ver claramente que algo não vai bem com ele. Não arrisco um palpite,
porque não tenho convivência suficiente com ele no dia a dia para observar
melhor o que acontece. Porém, afirmo, não é o mesmo Ronaldo de antes.
Mas ele precisa estar atento a um fato.
Não há mais caipiras no campo. O trabalhador rural é hoje um homem bem
informado e consciente dos seus direitos. Pode até ceder diante da força do
poder, mas sabe que tem a força do voto. E quer ser ouvido. Ouçam-nos, pois!
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