sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Sinceridade e coerência

Neste ano eleitoral sinceridade e coerência são artigos muito comentados, porém, em falta no “mercado”. Não apenas na política como também no cotidiano, as pessoas não costumam usar desses predicados. Por que as pessoas não são sinceras? Por que não dizem sempre a verdade? Por que suas atitudes não correspondem às suas ideias e ao que pregam?
         As coisas ficariam mais fáceis se as pessoas fossem sinceras para consigo mesmas e para com os seus semelhantes. Não dá pra ser feliz fingindo ser o que não se é. Quando agimos contra a nossa consciência algo lá por dentro se rebela e os sentimentos de revolta e frustração afloram. E quando isso acontece procuramos uma válvula de escape e descarregamos a nossa raiva sobre os nossos semelhantes.
         Vou citar um fato recente: Há alguns meses o time do grêmio foi jogar no Peru e lá a torcida local maltratou o jogador Tinga por ser negro. Para tanto, faziam sons com a boca imitando macacos. Houve muita revolta no Brasil, exigiu-se uma punição por parte da Confederação Sulamericana de Futebol e em todos os estádios houve manifestações contra o racismo, com total apoio da imprensa.
Na semana passada a equipe do Santos Futebol Clube foi jogar na arena do Grêmios. Curiosamente aquela mesma torcida que se revoltou contra os peruanos pela atitude racista, usou dos mesmos artifícios para hostilizar o goleiro santista chamando-o de macaco. Se poderá dizer que são atitudes isoladas de alguns membros da torcida e não de toda ela. É verdade. Mas, o fato que permanece é que o racismo e a intolerância estão presentes no dia a dia de nós brasileiros e em todo o resto do mundo.
Mas, quando eu falo de racismo e intolerância eu não estou falando apenas dos brancos em relação aos negros. Mas, também dos negros em relação aos brancos, dos protestantes em relação aos demais cristãos, dos ricos em relação aos pobres, dos pobres em relação aos ricos, e por ai vai. A verdade é que algumas pessoas se sentem incomodadas ante a presença de outras pessoas que sejam diferentes delas, que não tem a mesma cor de pele delas, a mesma religião ou condição social.
Não seria mais fácil se assumíssemos estas posições? Para que fingir que aceitamos e até gostamos do convívio e da presença de pessoas diferentes de nós, se na verdade nós não as toleramos? Eu não tenho preconceitos. Mas, existem pessoas das quais não gosto e com as quais não quero compartilhar o meu dia a dia. Nestes casos eu busco deixar claro para essas pessoas que não desejo a amizade nem proximidade com elas. Dessa forma evito uma convivência fingida que irá me deixar mal comigo mesmo. Eu prefiro ficar mal com os outros e ficar bem comigo.
Não maltrato ninguém mas, também não quero ser maltratado. Se alguém acredita que mesmo não gostando de mim poderá se aproximar e fingir amizade, está perdendo o seu tempo. Porque certamente eu não irei gostar dessa pessoa e não vou fazer a menor questão de interagir com ela. Assim, vivendo sendo sincero e honesto comigo mesmo e com outros, eu me sinto melhor. Se todos agissem dessa forma nossa convivência neste mundo seria bem melhor. 

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