sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Corte de bolsas da Capes afetará vacinas, energia, agricultura e até economia, diz presidente da SBPC

A Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), uma das principais entidades que fomenta pesquisas em nível de pós-graduação no Brasil, corre o risco de sofrer um corte de pelo menos R$ 580 milhões no
O Conselho Superior da Capes publicou uma nota na quinta-feira alertando sobre o risco de paralisação nas atividades e pedindo ao governo federal que impeça a redução nas verbas. O conselho afirma que a diminuição no orçamento vai causar descontinuação de 200 mil bolsas de pesquisa científica, interromper projetos de formação e programas de cooperação internacional, prejudicando a imagem do Brasil no exterior.
Segundo a entidade, o corte é consequência da proposta orçamentária do governo de Michel Temer (MDB) para o ano que vem.
Muito compartilhado nas redes sociais ontem, o documento da Capes é assinado pelo presidente da entidade, Abilio Baeta Neves.
Para o presidente da SBPC (Sociedade Brasileira de Progresso da Ciência), Ildeu Moreira, isso demonstra a gravidade do problema. "A situação está tão crítica que as próprias pessoas que têm cargo importante no governo estão colocando a sua opinião, que pode até implicar em riscos de sobrevivência nos seus cargos. É uma atitude corajosa", disse ele em entrevista à BBC News Brasil.

Moreira também afirma que os cortes causarão danos irrecuperáveis tanto à ciência quanto ao desenvolvimento do país. Segundo ele, a interrupção de projetos causa perda dos recursos investidos, gera fuga de cérebros e escassez de cientistas qualificados, com impactos de longo prazo para diversos setores, da saúde à economia.
Professor e pesquisador do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Moreira trabalha nas áreas de Física Teórica e História da Ciência. Realizou estágios de pesquisa na École Polytechnique e na Universidade de Paris VII, ambas na França.
Moreira é presidente da SBPC desde o ano passado. A entidade, criada em 1948, dedica-se à defesa do avanço científico, tecnológico e do desenvolvimento educacional e cultural do país. É uma das principais organizações científicas independentes do país, agregando 127 sociedades de diversas áreas do conhecimento.
O físico argumenta que os cortes são uma decisão política, não resultado da falta de dinheiro. "Estamos sendo escolhidos para sermos cortados. É uma questão de outros interesses que prevalecem em detrimento do desenvolvimento do país", afirma.
O governo diz que a questão do orçamento ainda está em aberto e convocou para esta sexta-feira uma reunião de representantes dos ministérios da Educação e do Planejamento para debater o alerta feito pelo conselho da Capes.
Click aqui e leia os principais trechos da entrevista ao BBCBrasil

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