quinta-feira, 7 de março de 2019

As arriscadas apostas de Bolsonaro

César Oliveira
Bolsonaro usa suas redes sociais como um instrumento de manipulação política e marketing. A cada postagem contra a esquerda Bolsonaro atiça seus partidários - dizem que não só legais-, e exacerba a dicotomia do "nós contra eles", filme já visto por todos nós, e que deu no que deu: o próprio Bolsonaro.
A postagem de um vídeo pornô foi uma dessas ações propositais, gerando um imenso recall e polarizando o debate. Nem adianta discutir  se Bolsonaro infrigiu a lei do decoro, pois, sempre há quem argumente que o que ele fez foi divulgar como um erro e não " produzir" algo pornô. É dessas semanticas jurídicas que imobilizam qualquer ação. E não há clima  político suficiente para impeachment como alguns apressados chegam a argumentar.

Alguns, podem preferir achar que Bolsonaro foi apenas tosco- o que não deixa de ser, também-, mas ele fez marketing. Isso fica muito claro, absolutamente claro, na postagem seguinte em que ele pergunta o que é " golden shower", após a repercussão da primeira postagem. Podem apostar a vida de vocês que Bolsonaro sabia muito bem o que era e colocou a segunda postagem para incendiar a internet algo que parece lhe dar imenso prazer e financiar seu ego. Ele está usando as armas que tem e o pouco que sabe fazer para manter seu capital político. Em situações mais complexas ele tem reconhecida dificuldade de dar declarações substantivas.
A técnica já foi usada por Trump e ele segue a risca, o modelo. Bolsonaro faz uma aposta arriscada. Seu eleitor mais fervoroso não se importará com o que ele poste, mas o eleitor que o escolheu mais por antipatia ao PT ( e é uma parcela significativa) pode começar a sentir-se incomodado com a extrapolação do bom gosto. Além disso,  Bolsonaro não pode esquecer que como presidente representa a nação, tanto aqui, quanto internacionalmente e que certas posições apenas roem seu cacife político.
Bolsonaro está jogando, mas é bom calibrar o limite de suas apostas.

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