sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Ajudar só a quem precisa, e quer


Esta semana foi anunciado que a Fundação Alphaville Urbanismo, da empresa, responsável pela construção de um empreendimento que ocupará uma área à margem do Rio Jacuípe, vai realizar três projetos sociais. O terceiro projeto prevê a capacitação profissional voltada à área de construção civil de um grupo de 40 moradores ribeirinhos. “Eles serão capacitados para se tornarem eletricistas, pedreiros e pintores”, diz a gerente de sustentabilidade da Fundação, Selma Moreira, cheia de boas intenções, mas, sem conhecer a realidade do local.

Explico: Ainda no primeiro mandato do ex-prefeito José Ronaldo, ele levou energia elétrica a todas as comunidades ribeirinhas do distrito de Ipuaçu. Os beneficiados eram pescadores, agricultores e pequenos produtores rurais. Aquela gente plantava pequenas hortas, roças de feijão e milho, mandioca, ou então pescava, para o próprio consumo, e vendia o excedente no Centro de Abastecimento ou nas feiras livres dos bairros. No meu entendimento, agora poderiam melhorar sua produção, desenvolver diversas atividades contando com todas as possibilidades que a energia elétrica proporciona.

            Seis meses depois fui até lá para conferir in loco como a energia elétrica havia mudado a vida daquelas pessoas. Quando eu perguntava como estavam aproveitando o benefício, as respostas eram parecidas. “Comprei uma geladeira”. “Comprei um freezer, e agora posso vender cerveja e refrigerante”. “Comprei uma televisão”. Nenhum me deu a resposta que eu esperava. Tipo assim: Mecanizei a casa de farinha, agora produzo mais. Instalei uma câmara frigorífica, agora posso armazenar o pescado da semana e vendo mais. Instalei uma bomba d’água e estou irrigando as roças.

            Nada. Todos continuavam vivendo a mesma vidinha ociosa e miserável de antes. Armavam suas armadilhas no rio, vendiam o pescado nos finais de semana, apuravam cerca de R$ 50 ou 100, e passavam a semana armando novas armadilhas e bebendo ou jogando pelos bares. Mas, também, além da preguiça nata dos caboclos ribeirinhos, eles não precisam trabalhar muito. Enquanto o rio estiver dando peixe e camarão, eles não precisam de mais nada. A terra também lhes dá o necessário para comer.

            Some-se a isso a “Bolsa Miséria” do governo, que ainda paga também para que as meninas engravidem e tenham filhos e passem a ter direito à Bolsa. Não vai dar certo, dona Selma. Aquela gente não quer e não gosta de trabalhar. Principalmente não gosta de ter patrões lhes dizendo o que e quando fazer. Estão acostumados a fazer só o que querem, nas horas que querem, e sem ninguém para lhes ditar regras.

            Quisera eu que me provassem o contrário. Como eu gostaria que o povo tomasse a iniciativa de não depender do paternalismo governamental e tomasse as rédeas da vida em suas mãos. Quem sabe, um dia.
           

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