domingo, 18 de dezembro de 2011

Há males que vem para o bem

            A fácil vitória do Barcelona sobre o Santos, que entrou em campo como mero espectador do belo futebol do time espanhol, expôs o atual estágio de mediocridade que passa o futebol brasileiro. Espera-se que pelo menos tenham-se aprendido algumas lições, porque pelo cenário que se apresenta, de um modo geral, a Copa do Mundo de 2014 pode se tornar num desastre pior do que o ocorrido em 1950.

            Naquela oportunidade, o Brasil chegou às finais com pinta de campeão, o País ainda desconhecido do resto do mundo, mostrou sua capacidade de organização e levou a bom termo a realização do evento. Perder faz parte do jogo. E o Brasil saiu da Copa do mundo admirado por todos pelo belo futebol apresentado, e não por acaso viria a ser campeão do mundo em 58 e 62, e tri em 70.

            O tetra já foi um aborto de sorte, ganho na loteria do pênaltis porque o futebol burocrático de Parreira não merecia a confiança nem o respeito de ninguém. O penta, já foi diferente. Quando os cartolas perceberam que com treinadores que permitem que imprensa, empresário e patrocinadores de jogadores escalem a equipe, o desastre é certo, chamaram Felipão, um treinador linha dura que não admite indisciplina e não permite que escalem seu time. Joga quem tem futebol e espírito de equipe, e não quem tem fama e patrocínio.

            Atualmente no Brasil qualquer jogador um pouco acima da média é logo taxado de gênio. Às vezes basta fazer um bom jogo, ou até uma boa jogada e já apontado para integrar a Seleção Brasileira, como foi o caso do Newmar do Internacional. Alguém aí ainda se lembra dele? E este ano foi o pior de todos neste sentido. Os cartolas entenderam que o Corinthians tinha que ser campeão e durante todo o campeonato foi o que se viu. As demais equipes eram meras coadjuvantes da festa coirintiana.

            E chamaram logo o Mano Menezes para ser técnico da Seleção. Realizando amistosos com equipes fracas, desconhecidas (Gabão?), e escalando jogadores mais desconhecidos ainda à titulo de “experiências”, Mano vai se mantendo no cargo. Mas vem aí a Copa das Confederações para comprovar que ele não é técnico à altura da Seleção Brasileira, e que o Brasil carece, e muito, de craques.

            Se Neymar, tido como melhor do Brasil no momento, entrar em campo num jogo de Copa do Mundo como entrou contra o Barcelona, será apenas mais um e vai passar em branco. Assim Murici colocou a equipe santista na retranca, para ver o Barcelona jogas, Mano vai fazer quando enfrentar equipes fortes, esquecendo da máxima do futebol de que a melhor defesa é o ataque.

            O Brasil ainda é visto como “o melhor futebol do mundo”, mas está caminhando a passos largos para perder esta posição, graças à incompetência dos cartolas e treinadores, à interferência da Imprensa do Sul e Sudeste, à ganância dos empresários que só que visam seus próprios interesses, da falta de planejamento dos clubes e da falta de craques.

Cristóvam Aguiar

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