segunda-feira, 22 de abril de 2019

Seu celular está realmente te espionando?

Você já teve a sensação alguma vez de que o seu smartphone ou tablet grava as suas conversas? Já recebeu algum anúncio, digamos, de passagens aéreas para o Rio de Janeiro logo depois de falar com um amigo que estava pensando em passar férias lá?
Lenda urbana ou realidade? Meu telefone pode realmente estar "gravando" minhas conversas ao vivo?
A proliferação de microfones nos nossos celulares e de autofalantes inteligentes - como o sistema Siri da Apple e a Alexa da Amazon - pode nos levar a pensar que qualquer um pode escutar nossas conversas e que nossa privacidade está ameaçada.

Zoe Kleinman, correspondente de tecnologia da BBC, relatou no programa Bussines Daily a experiência que teve com seu celular - e que a levou a desconfiar que terceiros acessaram o microfone do aparelho para espioná-la.
"Há alguns anos, eu estava conversando com minha mãe na cozinha da casa dela, e ela me contou que um amigo da família tinha morrido em um acidente de trânsito fora do país. Lembro que o telefone estava do meu lado". 
"Foi um acidente dramático, e então procurei saber se algum veículo de comunicação tinha noticiado (o acidente). Digitei o sobrenome dele no mecanismo de busca, e o corretor me sugeriu corretamente o resto do nome", diz.
"Como era possível o buscador me oferecer essa possibilidade quando, na verdade, nenhum meio de comunicação tinha escrito nada sobre o acidente?", pergunta ela.

Coincidência?

Pode ser. Pode ser também que outras pessoas já tivessem buscado aquele nome antes no mecanismo, o que o levaria a "deduzir" o restante.
De qualquer forma, Kleinman começou a investigar se realmente era possível que nossos dispositivos estivessem acessando nossas conversas.
Para isto, chamou um especialista no tema e o desafiou a criar um programa que fosse capaz de "capturar" as conversas pelo microfone de seu celular, a partir de um laptop.
"O que me pareceu mais desesperador é que ele conseguiu desenvolver esse aplicativo em dois dias."
Testado, o sistema se mostrou capaz de converter em texto as conversas captadas pelo microfone do celular.
Se até Kleinman e seu especialista conseguiram, o que poderiam fazer empresas gigantes de tecnologia?
"Na verdade é um risco grande para elas. Espionar é ilegal. Não se pode colher dados de pessoas sem antes receber permissão explícita para tal", diz.
Kleinman fez questão de ressaltar, porém, que o que ela e o especialista demonstraram é que a espionagem era tecnicamente possível. E não que estivesse necessariamente acontecendo.
"A conclusão a que chegamos é que, se é possível, é provável que haja pessoas tentando ativar o controle de voz. Nos rodeamos com esses dispositivos e eles estão nos ouvindo, à espera de palavras de controle para ativá-los", diz Kleinman.
"Todas as empresas absolutamente negam que usem os dados coletados por voz e neguem que compartilhem esses dados com terceiros", diz a jornalista da BBC.

Software por cinco dólares

Outra pessoa que demonstrou como é fácil hackear o microfone de alguém foi o cineasta holandês Anthony van der Meer. Ele deixou seu telefone ser roubado de propósito, a fim de secretamente usá-lo para registrar o ladrão.
Ele instalou um aplicativo muito simples no aparelho que lhe permitia fazer tudo o que faz com seu telefone normalmente, mas à distância.
Esse aplicativo sempre funcionaria, mesmo que o ladrão reiniciasse o smartphone.
"Eu podia ver contatos, mensagens, gravar áudio, vídeo, tirar fotos", diz ele. Em suma, van der Meer tinha acesso a tudo. 
"Me dei conta do quanto compartilhamos com nosso celular e de que esse é o dispositivo perfeito para espionagem, porque as pessoas o levam com eles o tempo todo." Celulares costumam ter um microfone, câmera e até sistema GPS, que permite que você saiba onde as pessoas estão. Não nos damos conta do dano que ele pode fazer", diz van der Meer.
Por exemplo: o cineasta ficou sabendo que o ladrão frequentava abrigos para pessoas sem teto, depois de olhar os registros de GPS.
Ele também gravou 30 segundos de conversa duas vezes por dia. Se parecesse interessante, ele gravaria mais tempo.
O aplicativo que ele tinha instalado no telefone roubado permitiu que ele visse quando o celular estava on-line. Também enviava um texto de conversas gravadas para o e-mail de van der Meer. 

Click no link e leia matéria completa no BBC News


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