segunda-feira, 26 de julho de 2021

Carlinhos da Cal Confiança

 

Cristóvam Aguiar e Carlinhos
       
    Em 1967 eu entrava para o Ginásio Santanópolis para fazer o primeiro ano ginasial. Tinha então 13 anos. Numa aula de Português a professora nos ensinava o que eram siglas. E numa aula ela perguntou se alguém sabia o que significava a sigla CCC. Clube de Campo Cajueiro, respondeu alguém. Félix de Doute se levantou e disse não, não é nada disso. “O que é então, Félix”? - Questionou ela. “Carlinhos da Cal Confiança, respondeu ele, resultando numa gargalhada geral onde até a professora riu. Antônio Carlos Santos Freire era também aluno do ginásio Santanópolis, de uma turma mais adiantada, e seu pai era dono da Cal Confiança, daí a brincadeira de Félix.

         Os amigos o chamavam de Carlinhos, e os mais íntimos, de Carlinhos Ceguinho, porque ele usava óculos. Eu não tinha aproximação com ele porque sua turma era de alunos mais adiantados, como Fernando Risadinha, Deusimar, Joel Luciano, que, mais tarde, assim como ele, vieram a ser meus amigos. Foi só no início dos anos 80, quando eu e Maura fomos morar no conjunto Milton Gomes, onde ele tinha um bar com o sugestivo nome de “Lá em Casa”, que eu passei a frequentar e me aproximei dele, nascendo ali uma grande amizade. Ele já estava casado com Lurdinha ela e Maura também se tornaram muito amigas. Eles já tinham os três filhos. Patrícia, Marcelo e Caroline, por quem eu sempre tive um carinho paterno.

        

Wilson, Cristóvam e Carlinhos

        Carlinhos era fã de Renato e Seus Blue Caps e tocava as músicas do grupo no violão. Junto com alguns amigos fundou o grupo The Bat Boys, que animava as festinhas dos amigos ao som da Jovem Guarda. O Bar Lá em Casa, como não podia deixar de ser, tinha música ao vivo, e ele sempre dava uma “canja”, tocando os antigos sucessos das décadas de 60/70. E através do bar eu me aproximei dos amigos de Carlinhos, que eu conhecia, mas não tinha intimidade, como Fernando Risadinha, Chicão, Wilson “Semanal”, Leo Boca Preta, João de Doute, e muitos outros. Pra encurtar a estória, nós abrimos uma filial do bar na Avenida Getúlio Vargas como o nome de Lá em Casa Avenida. Fez sucesso por um bom tempo, mas, como tudo em Feira de Santana, era um modismo e o movimento caiu e nós vendemos o bar. Já no final dos anos 90 início dos anos 2000, revivemos o The Bat Boys, Fernando no teclado, Wilson e Carlinhos na guitarra e baixo e eu, junto com ele, no vocal.    
Cristóvam, Chicão,Carlinhos e Fernando
   
    Torcedor fanático do Flamengo, em dia de jogo o bandeirão do Flamengo era estendido na frente do Bar. Um dia ele me disse que iria se “aposentar” como torcedor. E explicou: Eu já ganhei inúmeros campeonatos Cariocas, cinco Brasileiros, Taça Libertadores e Campeonato Mundial de Clubes. Deixa agora pros outros”. Eu ri muito e resolvi contar a estória em uma materinha bem curtida no jornal Tribuna Feirense, com direito a foto da família devidamente uniformizada junto ao bandeirão do Flamengo na frente do Bar. É claro que ele não se aposentou e em dia de jogo continuou sendo uma festa.

Carlinhos e os filhos Marcelo, Patricia e Carol.

         Carlinhos nos deixou na noite de domingo (25), vítima de Covid 19. Mas a sua alegria, bom humor e os sons dos seus violões e guitarras ainda vão repercutir por muito tempo entre os seus amigos que, como eu, aguardam a hora do reencontro, para continuarmos essa estória em outro plano da existência. Isso não é um adeus, meu amigo. É um até logo.

“A Saudade Que Ficou”. Renato e seus Blue Caps. Umas das que você mais gostava de cantar e será sempre a nossa lembrança...


 

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