terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Não interferência, uma solução para muitos males

    “Eu acredito que as normas são excelentes guias de conduta, mas um homem deve ter permissão para interpretá-las, ou não se trata de um homem! Meu povo não é tão avançado quanto o seu, mas a verdade do que eu digo é evidente! Se não são capazes de ver isso, então talvez não sejam tão avançados quanto se julgam”!

    Concordo plenamente, mas o pensamento não é meu. É de um personagem dos quadrinhos. O Supremo Teer era uma espécie de Rei do seu planeta, e estava dando um depoimento numa audiência pública da Federação dos Planetas Unidos, porque o capitão de uma nave terrestre, em visita a seu planeta, interferiu numa querela local, salvando a vida da mulher do rei, morto por insurgentes, que estava grávida daquele que mais tarde viria ser o novo rei.

    A questão é que a Diretriz Primeira da Federação proíbe que seus membros interfiram na evolução de qualquer civilização, e o capitão da nave terrestre havia quebrado esta diretriz ao interferir no conflito, fazendo a balança pender para um dos lados em litígio. Mais tarde ficou provado que um espião de uma potencia inimiga da Federação havia causado todo o conflito a fim de levar os habitantes do planeta à extinção para depois ocupá-lo e saqueá-lo.

    Eu sou favorável a que não se interfira na evolução natural de qualquer civilização, embora concorde que seres de uma civilização mais avançada possa interferir para restabelecer esta ordem natural, caso julguem necessário. Mas foi justamente por falta de critérios, de conhecimento, de bom senso e, principalmente, por arrogância e ganância, que as interferências feitas por civilizações tidas como avançadas, causaram tanta carnificina e destruição aqui mesmo, na Terra, como está relatado nos anais da história da raça humana.

    O Irã está sim em busca da tecnologia para fabricar suas ogivas nucleares. Mas quem ou o que levou os iranianos a isso? Conhecemos o fanatismo e intolerância religiosa dos países do oriente médio. E agora tememos ser vítimas da própria bomba que criamos. As grandes potencias treinaram e armaram os ditadores do oriente médio e das Américas. Agora eles se voltaram contra elas.
    Por que tendemos a impor nossa cultura, nosso modo de vida, aos povos mais atrasados? Por que simplesmente não tentamos aprender alguma coisa da cultura deles, suas motivações, seus anseios?  Se somos mais fortes, basta demonstrar isso que eles logo vão entender e nos respeitar.

Poderíamos ser simplesmente como Diogo Álvares Correia, que com seu arcabuz matou um urubu que ia passando, deixando os índios tupinambás embasbacados e tão aterrorizados, que o chamaram de Caramuru (filho do fogo e do trovão). Nenhum índio mais quis se meter à besta nem fazer dele um churrasquinho. De quebra, ele ainda casou com a filha do cacique Itaparica, a linda Paraguaçu, e viveram felizes para sempre.

Tá bom. A história não é bem assim. Caramuru também foi mais um que levou caos cultural e destruição aos índios. Mas, se quisesse, a história poderia ser outra, com final feliz para todos. Bastaria que ele fosse menos arrogante e ambicioso, e usasse de ética e bom senso. Os índios lhe seriam muito agradecidos.

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