sexta-feira, 2 de maio de 2014

Tradição e bom senso

Nasci na praça da Matriz, onde, em janeiro, os bandos anunciadores propagavam o início da Festa de Santana, que tinha novena, lavagem da igreja, levagem da lenha, quermesse, retreta de filarmônica no Coreto, parque de diversões, barracas com comidas e bebidas típicas, e culminava com uma grande procissão.  Mas, quando o profano se tornou inconveniente para o sagrado, a tradição foi quebrada e hoje acontece em julho apenas a festa religiosa. A tradição profana já foi resgatada, em parte, pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) que há sete anos promove o Bando Anunciador em espaço separado da festa religiosa.
         Ali perto também acontecia a Micareta que se estendia pela rua Conselheiro Franco e as praças da Bandeira e J Pedreira, depois avenida Senhor dos Passos, e mais tarde o sítio da Festa foi mudado para a avenida Getúlio Vargas. Aquele espaço também ficou pequeno e inconveniente para a festa, visto que era uma área residencial. Quando se falou em mudar para a avenida Presidente Dutra foi um Deus nos acuda. Mas, ainda assim, prevaleceu o bom senso e a festa mudou de lugar. Agora já se fala em outro local para a festa porque é um transtorno para toda a cidade a sua realização naquele local.
         Já sugeriram os locais mais estapafúrdios, porém o secretário de Cultura, Esporte e Lazer, Jailton Batista, cheio de serenidade e bom senso, já disse que não adianta nada apenas mudar o problema de endereço. Concordo plenamente. É necessário uma solução definitiva. Tradição, como alegam muitos, já vimos que podem ser quebradas, sem perda total das nossas raízes. Haja vista os espaços alternativos, como o Charles Albert, na Kalilândia. Não se descarte também os antigos bailes em clubes, voltados para as famílias, que podem ser realizados em casas de eventos, concomitantemente com a festa.
         Quero deixar aqui a minha sugestão: Não podemos construir um “micaretodromo”, seria apenas mais um elefante branco e nós já temos um. E é para lá que deve se deslocar a Micareta. Falo do Parque de Exposições João Martins da Silva que pode perfeitamente ser transformado num espaço multiuso para funcionar o ano inteiro. Com abertura da avenida Noide Cerqueira passando por trás do parque já se resolve o problema de acesso evitando-se a perigosa BR-324.
          Lá já existe um espaço para shows que pode ser ampliado e dotado da estrutura necessária para se realizar a Micareta. Nos pavilhões há espaço de sobra para montagem de barracas, restaurantes e espaços para eventos alternativos durante a festa. Agregue-se a isso o fato de que esse mesmo espaço poderá ser utilizado para a realização dos festejos juninos que tanto a população reclama. É válido salientar que não será necessário acabar com os festejos nos distritos, que já não dispõem mais de espaço para crescimento da festa.
         Não precisam me xingar, tirar a roupa e pisar em cima, nem fazer despacho na encruzilhada contra mim. É só uma sugestão, porém cheia de bom senso.

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