(E agora não tem mais jeito)
Quando eu comentei com Dilton Coutinho que por menos do que está acontecendo no Governo Dilma derrubaram Collor, ele emendou com um comentário dizendo: Também não pode querer que a ditadura volte. Isso gerou alguns comentários de amigos, de brincadeira claro, que disseram que eu era “filhote da ditadura” e que eu estava querendo a ditadura de volta. Isso não é verdade. Minha alma é libertaria. Com 14 anos de idade eu, apesar de ser criado por uma família tradicional de Feira de Santana, que era a favor da ditadura, já engrossava passeatas estudantis em Salvador. Eu saia fugido dizendo que ia visitar minha mãe biológica para participar de passeatas contra a ditadura.
Nas salas de aula quando conversava com os
professores eles se assustavam com meus posicionamentos, porque era uma época sombria
(é preciso que se diga porque a juventude não sabe) em que nossos irmãos,
nossos parentes, nossos vizinhos, simplesmente despareciam. Homens do governo invadiam
as casas a noite, raptavam as pessoas e levavam sem explicar por que e
prendiam, torturavam, matavam, desapareciam com essas pessoas e a gente não
sabia porquê.
Era uma época em que bastava você ser
contra a opinião do governo pra ser um criminoso, um subversivo. Bastava você
apontar um membro do governo que estava fazendo alguma falcatrua que quem ia
preso era você. Tudo isso essa juventude não sabe. Nós enfrentamos essa
ditadura com todas as ferramentas. Quando eu passei a ser jornalista, aos 25
anos, eu passei a usar minha profissão para combater a ditadura. Então eu não
quero a ditadura de volta. Eu quero a democracia, mas, com os mecanismos que
ela tem para tirar um mau governante. Não é possível que a gente veja tudo isso
que esta acontecendo e nossos governantes, nossos políticos não tomem nenhuma
posição firme.
O PMDB que é um partido que naquela época
chamava-se MDB, era um partido que após o golpe militar abrigou as correntes
contrarias a Ditadura, era o PC do B, PDT, todos aqueles partidos de oposição,
era um bastião de resistência a tudo isso. Hoje o PMDB é um prostituto do
poder. É um partido que não lança candidato próprio para presidência, e fica
esperando para ver quem vai ganhar para correr e se abrigar. E o cinismo tomou conta dos nossos políticos,
eles não tão ligando pra gente. Antigamente eles tinham vergonha, tinham medo
de que a gente descobrisse quem eram eles e hoje eles se orgulham do que são.
Se fosse num país mais sério, se tivesse
homens públicos descentes, voltados para o interesse do País e do povo nada
disso estaria acontecendo. Nós estamos vivendo em um país em que um juiz vai
dirigir embriagado e quando a agente de transito manda apreender o veículo ele
manda dar voz de prisão a ela. E o outro
juiz ainda dá razão ao colega e condena a agente a pagar uma indenização ao
juiz faltoso que estava dirigindo embriago. O próprio Judiciário da o mau exemplo.
Nós estamos sem rumo, sem direção. E por
falta de exemplo de quem deveria dar, que seriam os políticos, os homens
públicos que estão nos cargos que nós elegemos, que são nossos empregados, nós
que pagamos os salários deles para estarem no lugar onde estão, deveriam dar
exemplo e não deram. Hoje qualquer pessoa se acha no direito de fazer o que bem
entende, qualquer fiscal de feira-livre, como aconteceu em São Paulo, tá
milionário por corrupção, extorquindo as pessoas, quando deveria apenas
fiscalizar pra que paguem seus impostos em dia.
Eu não quero um país com ditadura Militar,
nem de esquerda que é muito pior e é o que o PT está implantando no Brasil (e
as pessoas não percebem). Eu não quero chegar a isso. Eu tenho pena de meus
filhos, meus netos, porque infelizmente eu e os de minha geração, não vamos
deixar pra eles um Pais que gostaríamos de ter. O país do futuro, das
oportunidades, aquele Brasil maravilhoso com o qual sonhávamos. As pessoas da
minha idade lembram o que nós tínhamos, o que queríamos e agora o país que temos.
É o que temos, mas, não é o que queríamos. Então não me venham com essa de que
eu sou a favor da Ditadura porque não é verdade, minha alma é libertaria. O que
eu defendo são medidas mais enérgicas, mais firmes por parte das autoridades,
porque estão sendo coniventes.
E não adianta sonhar com mudanças. Porque
quem as poderia fazer seria os homens do Governo. Porque são eles quem criam as
leis e pelo cumprimento delas devem zelar punindo os infratores. Mas, vejam! O
governo vai enviar novamente ao Congresso uma proposta de mudança na lei (que já
foi derrotada uma vez) para que a presidente Dilma possa fechar o ano com o
caixa em vermelho. Ou seja: Gastou demais, não tem como fechar as contas do ano
e solução encontrada foi adequar a lei à sua vontade. Como então sonhar com
mudanças para melhor?
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