quinta-feira, 27 de novembro de 2014

As raposas tomaram conta do galinheiro


(E agora não tem mais jeito)


Quando eu comentei com Dilton Coutinho que por menos do que está acontecendo no Governo Dilma derrubaram Collor, ele emendou com um comentário dizendo: Também não pode querer que a ditadura volte. Isso gerou alguns comentários de amigos, de brincadeira claro, que disseram que eu era “filhote da ditadura” e que eu estava querendo a ditadura de volta. Isso não é verdade. Minha alma é libertaria. Com 14 anos de idade eu, apesar de ser criado por uma família tradicional de Feira de Santana, que era a favor da ditadura, já engrossava passeatas estudantis em Salvador. Eu saia fugido dizendo que ia visitar minha mãe biológica para participar de passeatas contra a ditadura.
Nas salas de aula quando conversava com os professores eles se assustavam com meus posicionamentos, porque era uma época sombria (é preciso que se diga porque a juventude não sabe) em que nossos irmãos, nossos parentes, nossos vizinhos, simplesmente despareciam. Homens do governo invadiam as casas a noite, raptavam as pessoas e levavam sem explicar por que e prendiam, torturavam, matavam, desapareciam com essas pessoas e a gente não sabia porquê.
Era uma época em que bastava você ser contra a opinião do governo pra ser um criminoso, um subversivo. Bastava você apontar um membro do governo que estava fazendo alguma falcatrua que quem ia preso era você. Tudo isso essa juventude não sabe. Nós enfrentamos essa ditadura com todas as ferramentas. Quando eu passei a ser jornalista, aos 25 anos, eu passei a usar minha profissão para combater a ditadura. Então eu não quero a ditadura de volta. Eu quero a democracia, mas, com os mecanismos que ela tem para tirar um mau governante. Não é possível que a gente veja tudo isso que esta acontecendo e nossos governantes, nossos políticos não tomem nenhuma posição firme.
O PMDB que é um partido que naquela época chamava-se MDB, era um partido que após o golpe militar abrigou as correntes contrarias a Ditadura, era o PC do B, PDT, todos aqueles partidos de oposição, era um bastião de resistência a tudo isso. Hoje o PMDB é um prostituto do poder. É um partido que não lança candidato próprio para presidência, e fica esperando para ver quem vai ganhar para correr e se abrigar.  E o cinismo tomou conta dos nossos políticos, eles não tão ligando pra gente. Antigamente eles tinham vergonha, tinham medo de que a gente descobrisse quem eram eles e hoje eles se orgulham do que são.
Se fosse num país mais sério, se tivesse homens públicos descentes, voltados para o interesse do País e do povo nada disso estaria acontecendo. Nós estamos vivendo em um país em que um juiz vai dirigir embriagado e quando a agente de transito manda apreender o veículo ele manda dar voz de prisão a ela.  E o outro juiz ainda dá razão ao colega e condena a agente a pagar uma indenização ao juiz faltoso que estava dirigindo embriago. O próprio Judiciário da o mau exemplo.
Nós estamos sem rumo, sem direção. E por falta de exemplo de quem deveria dar, que seriam os políticos, os homens públicos que estão nos cargos que nós elegemos, que são nossos empregados, nós que pagamos os salários deles para estarem no lugar onde estão, deveriam dar exemplo e não deram. Hoje qualquer pessoa se acha no direito de fazer o que bem entende, qualquer fiscal de feira-livre, como aconteceu em São Paulo, tá milionário por corrupção, extorquindo as pessoas, quando deveria apenas fiscalizar pra que paguem seus impostos em dia. 
Eu não quero um país com ditadura Militar, nem de esquerda que é muito pior e é o que o PT está implantando no Brasil (e as pessoas não percebem). Eu não quero chegar a isso. Eu tenho pena de meus filhos, meus netos, porque infelizmente eu e os de minha geração, não vamos deixar pra eles um Pais que gostaríamos de ter. O país do futuro, das oportunidades, aquele Brasil maravilhoso com o qual sonhávamos. As pessoas da minha idade lembram o que nós tínhamos, o que queríamos e agora o país que temos. É o que temos, mas, não é o que queríamos. Então não me venham com essa de que eu sou a favor da Ditadura porque não é verdade, minha alma é libertaria. O que eu defendo são medidas mais enérgicas, mais firmes por parte das autoridades, porque estão sendo coniventes.
E não adianta sonhar com mudanças. Porque quem as poderia fazer seria os homens do Governo. Porque são eles quem criam as leis e pelo cumprimento delas devem zelar punindo os infratores. Mas, vejam! O governo vai enviar novamente ao Congresso uma proposta de mudança na lei (que já foi derrotada uma vez) para que a presidente Dilma possa fechar o ano com o caixa em vermelho. Ou seja: Gastou demais, não tem como fechar as contas do ano e solução encontrada foi adequar a lei à sua vontade. Como então sonhar com mudanças para melhor?

Nenhum comentário: