quarta-feira, 18 de maio de 2016

Da inutilidade de alguns parlamentares

      

 Ouvi declarações de um vereador comentando a questão da homossexualidade que vem sendo tratada como cultura por alguns militantes dos movimentos GLS. Com muito esforço consegui entender o seu ponto de vista, que embora trouxesse à baila questões pertinentes, o seu raciocínio, na minha opinião, era equivocado. Digo “com esforço” dada a dificuldade do vereador em se expressar e interpretar o texto da lei em questão, cujo conteúdo não é objeto deste comentário.



         Quero tratar aqui da qualidade dos nossos parlamentares os quais, em grande parte, considero ignorantes, inúteis, caros e desnecessários. Venho de uma época em que recebíamos, ainda no ginasial, noções de Educação Moral e Cívica (EMC), e de Organização Social e Política Brasileira (OSPB). Nos colégios havia o “Grêmio Estudantil”, local onde os estudantes interagiam socialmente e exercitavam suas vocações para a política e cidadania. A ditadura militar acabou com os grêmios estudantis.
         As Câmaras Municipais reuniam cidadãos eleitos pela comunidade para representá-los, fiscalizando o cumprimento das leis e defendendo junto ao poder executivo os pleitos coletivos das comunidades. Não recebiam salários. Eram movidos pelo espírito público de servir e, é claro, a defesa da ideologia da sua agremiação partidária e seus planos e projetos de governo. Eram as Câmaras, como os Grêmios Estudantis, arenas para o exercício da cidadania e despertar da vocação política.
         Quando foi instituído pagamento de salários a vereadores foi que a coisa degringolou. Aliás, hoje, olhando para o passado, eu fico a me perguntar como nós, o povo brasileiro, permitimos que as coisas chegassem a este ponto que chegou, passando tudo bem por baixo dos nossos narizes. Depois que vereador passou a ser pago todo tipo de escroque, vagabundo, ladrão, estelionatário, viu uma oportunidade e se lançou candidato. O pior é que se elegeram, o que afastou as pessoas de bem da política municipal, e é bom que se diga que nas esferas estadual e federal já estava mais suja que pau de galinheiro. Quando a moral dos políticos já estava abaixo de barriga de cobra quatro dedos, e os votos começaram a escassear, os partidos aprovaram votos para analfabetos, e aí todos já viram no que deu. Governados por analfabetos, ignorantes e bandidos, o Brasil chegou onde chegou.
         Se houvesse vontade política (e não há, porque os políticos estão muito bem do jeito que as coisas estão), uma reforma política séria, que se faz mais que necessária no Brasil, começaria por modificar os parlamentos municipais. Não defendo o fim das Câmaras Municipais, mas o seu “modus operandis”. Vereadores seriam eleitos de forma indireta e não teriam salários. Os parlamentares seriam os representantes (presidentes, diretores, etc.) de Instituições públicas e privadas (sociedade organizada), eleitos pelos seus iguais. Teriam assento no legislativo municipal presidentes das entidades de classe, trabalhista e patronal, Defesa Civil, Forças Armadas, Corpo de Bombeiros, e creio que mais alguns que eu possa ter esquecido no momento. Mas a ideia central é reunir, quando convocados por qualquer segmento da sociedade com assento no Legislativo, para, sob a presidência do vice-prefeito, debater algum assunto de relevância para a população, ou discussão de alguma lei do Executivo ou do próprio Legislativo, a ser aprovada.
         Ao Executivo caberia destinar a verba necessária para a manutenção do prédio da Câmara Municipal com todos os funcionários e equipamentos estritamente necessários para o seu bom funcionamento. Desse modo estaria o dinheiro público bem investido, sem desperdícios ou desvios, e acabariam com essa enxurrada de leis inócuas, inúteis e inexequíveis que se aprovam todas as semanas na Câmara Municipal.

         Por falar nisso, alguém aí já viu alguma árvore na via pública com uma tabuleta indicando o seu nome popular e o científico? Algum aluno da rede pública municipal já teve aulas de “Paxiologia” (estudo da paz)? Não? Pois é. São leis municipais, devidamente aprovadas pela Câmara Municipal e sancionada por prefeitos, mas que nunca foram cumpridas porque são inúteis, inócuas e inexequíveis. 

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