terça-feira, 6 de junho de 2017

'Somos todos racistas?': O teste de Harvard que promete revelar preconceito implícito



Poucas pessoas admitiriam seu racismo abertamente, mas muitos psicólogos dizem que somos racistas mesmo sem a intenção de sê-lo. Nós teríamos o que eles chamam de "preconceito implícito". O que é isso, como é medido e o que pode ser feito a respeito?

"Seus dados sugerem que você tem uma leve preferência automática por pessoas brancas em relação a pessoas negras".

Esse não era o resultado que eu esperava. Então eu sou racista? Um intolerante? Isso seria bem diferente de como eu me vejo. Mas talvez seja algo que eu deva admitir e encarar?


É que eu acabei de fazer o Teste de Associação Implícita (IAT), uma forma de identificar o preconceito implícito das pessoas. A prova não analisa apenas o preconceito de cor, mas também em relação a orientação sexual, deficiências e obesidade.

Segue uma breve descrição de como é um teste IAT, com base no de raça: aparecem palavras e rostos. As palavras podem ser positivas (como "maravilha", "amizade", "feliz" e "comemore") ou negativas (como "dor", "desprezo", "sujo" e "desastre"). Em uma parte do processo, é preciso pressionar uma tecla toda vez em que você vir um rosto de uma pessoa negra ou uma palavra ruim e pressionar outra tecla quando aparecer um rosto de uma pessoa branca ou uma palavra boa.

Em seguida, o jogo vira: uma tecla para rostos negros e palavras boas e outra para rostos brancos e palavras ruins. É muita coisa para guardar na cabeça. E aí está a questão. Você precisa pressionar a tecla apropriada o mais rápido possível. O computador mede a sua velocidade.



Você pode fazer o teste aqui.

A ideia por trás do IAT é que alguns conceitos e categorias podem estar mais conectados nas nossas mentes do que outros. Podemos achar mais fácil, e portanto mais rápido, ligar rostos de pessoas negras a palavras ruins do que de pessoas brancas

Nas últimas décadas, as estatísticas sobre preconceito explícito têm mudado rapidamente. Por exemplo, na Inglaterra dos anos 1980, 50% da população se dizia contra casamentos interraciais. Essa taxa caiu para 15% em 2011. Os Estados Unidos experimentaram uma mudança parecida. Em 1958, 94% dos americanos disseram desaprovar casamentos entre pessoas brancas e negras. Esse número caiu para 11% em 2013.

O Brasil, apesar da fama de miscigenação, tem poucos casamentos interraciais, segundo o Censo Demográfico de 2010 do IBGE. Cerca de 75% das pessoas que se identificam como brancas casam com outras brancas, 69% dos pardos vivem com pardos e 50% dos negros se casam com outras pessoas negras. Os homens que se identificam de "cor amarela" são os que mais se unem com mulheres de outra cor - 38% se casam com asiáticas, 29,2% com pardas, 22% com brancas e 9,8% com mulheres negras.

Mas o preconceito implícito - visões que alimentamos sem intenção - é muito mais aderente e difícil de erradicar. Ao menos esse é o preceito do teste. Leia mais no BBCBrasil.



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