Poucas pessoas admitiriam seu racismo
abertamente, mas muitos psicólogos dizem que somos racistas mesmo sem a
intenção de sê-lo. Nós teríamos o que eles chamam de "preconceito
implícito". O que é isso, como é medido e o que pode ser feito a respeito?
"Seus dados sugerem que você tem
uma leve preferência automática por pessoas brancas em relação a pessoas
negras".
Esse não era o resultado que eu
esperava. Então eu sou racista? Um intolerante? Isso seria bem diferente de
como eu me vejo. Mas talvez seja algo que eu deva admitir e encarar?
É que eu acabei de fazer o Teste de
Associação Implícita (IAT), uma forma de identificar o preconceito implícito
das pessoas. A prova não analisa apenas o preconceito de cor, mas também em
relação a orientação sexual, deficiências e obesidade.
Segue uma breve descrição de como é um
teste IAT, com base no de raça: aparecem palavras e rostos. As palavras podem
ser positivas (como "maravilha", "amizade",
"feliz" e "comemore") ou negativas (como "dor",
"desprezo", "sujo" e "desastre"). Em uma parte do
processo, é preciso pressionar uma tecla toda vez em que você vir um rosto de
uma pessoa negra ou uma palavra ruim e pressionar outra tecla quando aparecer
um rosto de uma pessoa branca ou uma palavra boa.
Em seguida, o jogo vira: uma tecla para
rostos negros e palavras boas e outra para rostos brancos e palavras ruins. É
muita coisa para guardar na cabeça. E aí está a questão. Você precisa
pressionar a tecla apropriada o mais rápido possível. O computador mede a sua velocidade.
Você pode fazer o teste aqui.
A ideia por trás do IAT é que alguns
conceitos e categorias podem estar mais conectados nas nossas mentes do que
outros. Podemos achar mais fácil, e portanto mais rápido, ligar rostos de
pessoas negras a palavras ruins do que de pessoas brancas
Nas últimas décadas, as estatísticas
sobre preconceito explícito têm mudado rapidamente. Por exemplo, na Inglaterra
dos anos 1980, 50% da população se dizia contra casamentos interraciais. Essa
taxa caiu para 15% em 2011. Os Estados Unidos experimentaram uma mudança
parecida. Em 1958, 94% dos americanos disseram desaprovar casamentos entre
pessoas brancas e negras. Esse número caiu para 11% em 2013.
O Brasil, apesar da fama de
miscigenação, tem poucos casamentos interraciais, segundo o Censo Demográfico
de 2010 do IBGE. Cerca de 75% das pessoas que se identificam como brancas casam
com outras brancas, 69% dos pardos vivem com pardos e 50% dos negros se casam
com outras pessoas negras. Os homens que se identificam de "cor
amarela" são os que mais se unem com mulheres de outra cor - 38% se casam
com asiáticas, 29,2% com pardas, 22% com brancas e 9,8% com mulheres negras.
Mas o preconceito implícito - visões que
alimentamos sem intenção - é muito mais aderente e difícil de erradicar. Ao
menos esse é o preceito do teste. Leia mais no BBCBrasil.
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