terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Erotização infantil, antecipação da menstruação e educação sexual: nossos filhos são apenas vítimas


Há 100 anos a menarca, ou primeira menstruação, aparecia aos 14,2 anos. Atualmente, a média está ao redor de 12 anos, e não é incomum, até com 10. Nos EUA, 15% das meninas tem desenvolvimento de mamas antes dos 8 anos.
As causas são multifatoriais, inclusive a obesidade, muito dominante no fim do século XX. A puberdade precoce é grave porque isso traz uma série de impactos comportamentais e sociais. A menina vivencia antecipadamente os tradicionais conflitos da adolescência, mas com mentalidade infantil e sem a percepção adequada de sua posição nas relações sociais.

Diversos estudos mostram que jovens com puberdade precoce tem mais chances de iniciarem comportamentos de risco e um um estudo da Cornnel mostrou que essas adolescentes são mais psicologicamente vulneráveis, com maior ocorrência de depressão. E há estudos que mostram que adolescentes sem os 2 pais biológicos presentes tem duas vezes mais chances de terem puberdade mais jovem.
É bom lembrar que ao menstruar as meninas antecipam a maturação óssea e, portanto, crescem menos, são mais baixas, e parecem ter maior chance de câncer de mama.
Em paralelo a isso, está a sexualização infantil precoce, um dado indiscutível, especialmente estimulado pela mídia que vende um modelo de comportamento que influencia as adolescentes.
A Associação Americana de Psicologia (APA) divulgou, em 2007, um relatório que analisava 300 estudos publicados nos 18 meses anteriores, nos quais eram analisados os meios de comunicação -- em particular a televisão --, filmes, revistas e inclusive letras de músicas e a silhueta das bonecas.
O que os especialistas chamam de "erotização" é o que baseia o valor de uma pessoa essencialmente em seu sex appeal e pode levar à depressão, distúrbios alimentares e a um mau desempenho escolar, advertia a APA.
"As conseqüências da erotização das adolescentes nos meios de comunicação hoje são muito reais e têm, obviamente, uma influência negativa em seu desenvolvimento", afirmou, Eileen Zurbriggen, chefe da equipe de pesquisas.
Aqui no Brasil a erotização da música e da dança é muito mais profunda e sem controle e certamente seu impacto é muito mais severo.
Aos que dizem que basta ter educação sexual na escola- realmente necessário-, não custa lembrar que esse ensino implica em uma “ normalização do ato”, afinal, está sendo ensinado pelos professores. Acontece que sexo não é apenas uma técnica e ser dominada para evitar gravidez precoce e DST. Ele precisa estar associado ao afeto, e dotado de um real significado que vai muito além das limitadas propostas de educação sexual escolar.
A erotização precisa ser combatida, e a puberdade precoce , com seus riscos emocionais, e a educação sexual, precisam ser pensadas sob outra forma evitando apenas um incentivo sexual subliminar como tem sido proposto.
Embora não goste do termo abstinência, acho muito significativo e importante a proposta do governo de abrir a discussão sobre o tema e propor que a escolha esteja associada a um momento de maior maturidade.
Nossas crianças não podem continuar sendo vítimas indefesas de uma Sociedade sem limites e dos pregadores da falsa liberdade.

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