terça-feira, 15 de março de 2011

Engordando o caixa

Vi na TV uma matéria denunciando um esquema de indústria de multas de trânsito no Rio Grande do Sul. Diversas autoridades e proprietários de empresas fabricantes e instaladoras de sensores, radares e câmeras de segurança foram flagrados negociando propinas para instalar equipamentos desonestos, que forjam infrações que não existiram. Com isso, as prefeituras dos municípios engordam o caixa, bem como o prefeito, as autoridades do trânsito e os fornecedores e instaladores do equipamento.

Porque não fiquei surpreso? Não fiquei porque há muito tempo ouço denúncias desse tipo, mas só que até o momento ninguém havia provado nada. Sem provas, não há crime. Há muito tempo, observando algumas daquelas notificações de multas que são enviadas ao infrator, contendo uma foto do veículo invadindo o sinal vermelho, percebi que aquela infração poderia muito bem ser forjada. Explico:

A Câmera está posicionada atrás do veículo. Teoricamente, quando o motorista invade
o sinal vermelho um sensor é acionado e ela dispara, flagrando a

infração. Porém, em muitos casos, principalmente quando há um trecho de pista dupla a ser atravessado, o motorista passa quando o sinal ainda está verde. Mas, como ele passa devagar, porque há sempre algumas depressões a ser ultrapassadas, o sinal fica amarelo e, quando ele chega ao outro lado já está vermelho. E é nesse momento que a câmara dispara, pegando o motorista já após o semáforo. A foto mostra o semáforo com o sinal vermelho, mas o veículo já está do outro lado, o que não prova que ele invadiu o sinal.

A matéria da TV mostrava outros meios de forjar multas. Alguns sensores são adaptados para registrar altas velocidades, mesmo quando o veículo trafega dentro da velocidade permitida. Não foram poucas as vezes em que eu mesmo flagrei guardas de trânsito preenchendo talão de multas de forma aleatória, para cobrir a cota. Alguns deles, amigos ou parentes meus, confessaram que escolhiam aleatoriamente veículos para multar, porque tinham que atingir certo número de multas aplicadas dentro do mês, sob pena de receber bronca do chefe.

O esquema de fraude proposto pelos fornecedores dos equipamentos, e adquiridos pelas autoridades, mostrava ainda algumas “vantagens” para o comprador, como, por exemplo, a possibilidade de retirada da multa. Ou seja, se algum amiguinho do poder local fosse flagrado cometendo uma infração, ele poderia recorrer ao seu padrinho político que a multa poderia ser retirada.
Estamos falando de semáforos, sensores e câmeras. Mas bem que poderíamos estar falando de bafômetros ou outros equipamentos eletrônicos fiscalizadores de infrações no trânsito. Mas já houve um tempo em que as multas eram aplicadas sem a menor cerimônia ou cuidado em não aparecer a fraude. Um irmão meu, por exemplo, recebeu uma multa por uma infração cometida por “um fusca verde”. E ele era proprietário de um Landau vermelho. Já um colega nosso, teve a lanterna do seu veículo deliberadamente quebrada pelo cassetete de um policial do trânsito, que lhe exigiu uma propina para liberá-lo da multa.

Mas isso era em outros tempos. Agora a coisa está mais sofisticada.
Valha-nos, senhor Jesus!

Um comentário:

Unknown disse...

O pior de tudo isso, é que as pessoas ainda não se sentem na obrigação de eleger bem seus candidatos; não se sentem com poder de determinar que não é isso que querem para suas vidas; adotem processos seletivos baseados em meros achismos, bolsas, prometidos... e digo-lhe mais: quem sofre com esse tipo de situação, quase sempre não tem que valha por si e acaba, por vacilo, tendo que pagar por multas que na verdade deveriam ser severamente aplicadas a por exemplo, um condutor que dirige embriagado e provoca um acidente, causando prejuízos a terceiros quando não resulta em morte para alguma parte. Perceba com este mero exemplo, sarcasticamente, como realmente é perigoso andar em velocidade acima do permitido em uma via urbana, ou ultrapassar um semáforo amarelo, ou ainda estacionar em local nao permitido, ou parar em fila dupla, quem sabe!