sexta-feira, 11 de março de 2011

Todo ano é a mesma coisa

Durante o Carnaval, como bom folião que sou, pulei fora. Fui descansar meus ossos na ilha de Itaparica, mais precisamente, em Berlinque. Qualquer um que opta por passar temporada na ilha sabe que é uma aventura perigosa. Ou pelo menos deveria saber, pois lá não existe segurança nenhuma. Não faz muito tempo alguns filhos de amigos meus que possuem casas por lá, foram vítimas de um assalto seguido de tentativa de estupro de uma das suas filhas, e que por pouco não custou a vida de um rapaz que acompanhava as meninas.

Quem mantém casas por lá sabe que pode ter seus imóveis arrombados durante a baixa estação e, mesmo no verão, podem ser vítimas de furtos e assaltos. Isso sem contar que, na alta estação, a infra-estrutura revela-se a pior possível, em todas as cidades e povoados da ilha. É constante a falta de água, a falta de energia e o serviço de limpeza das ruas e recolhimento de lixo é péssimo.

Mas é na saúde que está o perigo maior. Embora alguns locais tenham hospitais ou postos médicos, estes não possuem os devidos equipamentos para primeiros socorros e, quase sempre, sequer têm médicos plantonistas. Recentemente, a mãe do deputado estadual José Neto sofreu um mal súbito e teve que ser transferida às pressas por helicóptero da Polícia Militar para o centro maior e só por isso pode sobreviver. Mas, nem todo mundo é deputado.
Os pobres mortais como eu, podem contar com a ajuda divina, porque outra não existe. Mesmo os ricos, às vezes, não conseguem se salvar. Lembro-me de um rico empresário feirense, cuja esposa faleceu na ilha, porque nem todo o seu dinheiro foi capaz de salva-la do enfarto que sofreu por lá.

Eu não tenho medo de morrer e sou convicto que todos nós só partimos desta para melhor quando o criador nos chama. Talvez essa minha crença tenha ajudado a evitar que o pior me acontecesse, porque mantive a calma. Nunca tive problemas com pressão, fosse alta ou baixa. Mas, na segunda-feira pela manhã comecei a me sentir mal. Sofri enjôos, vomitei, mas pensei que fosse apenas uma indisposição gástrica. Por insistência dos amigos fui medir minha pressão arterial e ela estava em 18 por 11. Peguei um comprimido que minha mulher toma que é de baixa dosagem, e tomei. Não bebi mais e passei o dia tomando suco de maracujá e deitado numa rede. Estou aqui vivo e são para contar a história. Mas, se dependesse de socorro médico, estaria morto.

Devo acrescentar que esta falta de infra-estrutura não é privilégio da Ilha. É assim em todas as cidades praianas da Bahia, de Cabuçu a Praia do Forte. Tudo é a mesma coisa. Aliás, em Cabuçu, o prefeito de lá declarou certa vez que não está nem aí para veranistas, como se preferisse que a cidade continuasse como uma aldeia de pescadores, e a população continuasse na miséria, sem contar com o dinheiro que ganha com os veranistas.
Entra ano e sai ano, e sempre é a mesma coisa.

Nenhum comentário: