sexta-feira, 8 de julho de 2011

A cura (?) da velhice

Velhice não é doença, dizem as pessoas quando entendem que alguns idosos colocam a culpa na idade para fazer ou deixar de fazer isso ou aquilo. Eu mesmo tenho muito me interrogado sobre se vou ou não fazer prevalecer a minha prerrogativa de idoso quando a partir de 2014 tiver 60 anos completos. Eu não me vejo furando filas, ocupando lugares especiais em ônibus, cinemas, teatros ou coisa que valha, só porque terei 60 anos ou mais. Se eu o fizer, e não estiver doente, com certeza me sentirei velho.

Mas se as previsões de Aubrey de Grey estiverem certas, a primeira pessoa a comemorar seu aniversário de 150 anos já nasceu. E a primeira pessoa a viver até os mil anos pode demorar menos de 20 anos para nascer.

Biomédico gerontologista e cientista-chefe de uma fundação dedicada a pesquisas da longevidade, De Grey calcula que, ainda durante a sua vida, os médicos poderão ter à mão todas as ferramentas necessárias para “curar” o envelhecimento, extirpando as doenças decorrentes da idade e prolongando a vida indefinidamente.
E aí me vem à mente uma frase dita por um amigo há mais de 40 anos: “A coisa que mais desejo aos meus inimigos é que vivam eternamente”. Há muito que se refletir nesta sentença. Considerando-se que ela foi proferida numa época em que um ser humano de 40 anos já era considerado velho, viver eternamente seria um castigo terrível.

A literatura está repleta de obras que tratam da velhice e da eterna juventude. “O Retrato de Dorian Gray” é uma delas. No cinema temos “O Homem Bicentenário”. Há ainda a fábula do sujeito que dormiu por mais de 20 anos, e quando acordou tudo estava mudado e ele se sentia deslocado e só. O ser humano povoa sua mente com sonhos de vida eterna, de eterna juventude, e se esquece de viver o dia de hoje, vivenciando cada momento da sua existência, conforme Jesus ensinou.

Outros, entretanto, por força do destino ou por vontade própria, queimam etapas de suas vidas, passando pela infância e juventude sem perceber, e quando dão conta de si já estão velhos demais para viver do jeito que gostariam. Vivendo 10, 100 ou 1.000 anos, me parece que o homem será sempre o mesmo. Sempre vai se preocupar mais com fantasias do que com a realidade da sua existência.

Antigamente, a perspectiva de vida do ser humano era de 60 anos e

m média. Hoje, já é de 80, e agora se abre esta nova perspectiva. Queira Deus que eu esteja errado e que as pessoas possam fazer bom uso dessa enorme sobrevida que a ciência poderá lhes dar. De minha parte, aos 57 anos, vivi (e ainda vivo) minha vida bem vivida, ocupando-me apenas do dia de hoje. Sem medo de viver, sem medo de morrer, sem medo de ser feliz. É o que desejo a todos os meus amigos. E desafetos também.

E deixo um conselho: “Nunca tome atalhos em sua vida. Caminhos mais curtos e desconhecidos podem lhe custar a vida”.

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