quarta-feira, 13 de julho de 2011

Prêmios nem sempre vão para quem merece

Irena Sendler (em polonês Irena Sendlerowa) nasceu em 15 de fevereiro de 1910 e faleceu em 12 de maio de 2008. Ela também é conhecida como “o anjo do Gueto de Varsóvia”. Foi uma ativista dos direitos humanos durante a Segunda Guerra Mundial, tendo contribuído para salvar mais de 2.500 crianças ao levar alimentos, roupas e medicamentos às pessoas barricadas no gueto, com risco da própria vida.

“A razão pela qual resgatei as crianças tem origem no meu lar, na minha infância. Fui educada na crença de que uma pessoa necessitada deve ser ajudada com o coração, sem importar a sua religião ou nacionalidade”, dizia Irena Sendler
Quando a Alemanha Nazi invadiu o país em 1939, Irena era enfermeira no Departamento de bem estar social de Varsóvia, que organizava os espaços de refeição comunitários da cidade. Ali trabalhou incansavelmente para aliviar o sofrimento de milhares de pessoas, tanto judias como católicas. Graças a ela, esses locais não só proporcionavam comida para órfãos, anciãos e pobres como lhes entregavam roupas, medicamentos e dinheiro.

Em 1942, os Nazis criaram um gueto em Varsóvia, e Irena, horrorizada pelas condições em que ali se sobrevivia, uniu-se ao Conselho para a Ajuda aos Judeus. Ela mesma contou: “Consegui, para mim e minha companheira Irena Schultz, identificações do gabinete sanitário, entre cujas tarefas estava a luta contra as doenças contagiosas. Mais tarde tive êxito ao conseguir passes para outras colaboradoras. Como os alemães invasores tinham medo de que ocorresse uma epidemia de tifo, permitiam que os polacos controlassem o recinto”.

Ao longo de um ano e meio, até à evacuação do gueto no Verão de 1942, conseguiu resgatar mais de 2.500 crianças por várias vias: começou a recolhê-las em ambulâncias como vítimas de tifo, mas logo se valia de todo o tipo de subterfúgios que servissem para os esconder: sacos, cestos de lixo, caixas de ferramentas, carregamentos de mercadorias, sacas de batatas, caixões. Nas suas mãos quaisquer elementos transformavam-se numa via de fuga.

Ela concebeu um arquivo no qual registrava os nomes e dados das crianças e as suas novas identidades. Os Nazis souberam dessas atividades e Irena Sendler foi presa pela Gestapo e levada para a infame prisão de Pawiak onde foi brutalmente torturada. Num colchão de palha encontrou uma pequena estampa de Jesus Misericordioso com a inscrição: “Jesus, em Vós confio”, e conservou-a consigo até 1979, quando a ofereceu ao Papa João Paulo II.

Ela, a única que sabia os nomes e moradas das famílias que albergavam crianças judias, suportou a tortura e negou-se a trair seus colaboradores ou as crianças ocultas. Quebraram-lhe os ossos dos pés e das pernas, mas não conseguiram quebrar a sua determinação. Em 1944, durante o Levantamento de Varsóvia, colocou as suas listas em dois frascos de vidro e enterrou-os no jardim de uma vizinha para se assegurar de que chegariam às mãos indicadas se ela morresse. Ao acabar a guerra, Irena desenterrou-os, mas, lamentavelmente, a maior parte das famílias das crianças tinha sido morta nos campos de extermínio.

Passaram já mais de 60 anos, desde que terminou a 2ª Guerra Mundial. 6 milhões de judeus, 20 milhões de russos, 10 milhões de cristãos e 1.900 sacerdotes católicos foram assassinados, massacrados, violados, mortos à fome e humilhados com os povos da Alemanha e Rússia olhando para o outro lado. Agora, mais do que nunca, com o Iraque, Irã e outros proclamando que 0 Holocausto é um mito, é imperativo assegurar que o Mundo nunca esqueça.

Irena Sendler foi apresentada como candidata para o prêmio Nobel da Paz pelo Governo da Polónia, numa iniciativa do presidente Lech Kaczyński e contou com o apoio oficial do Estado de Israel através do primeiro-ministro Ehud Olmert, e da Organização de Sobreviventes do Holocausto residentes em Israel.
O prêmio daquele ano, no entretanto, foi dado ao ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore pela sua defesa do meio-ambiente.

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