terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Cidade para pessoas- selvageria nas calçadas de Feira

Administradores precisam rever a cidade que cuidam e passarem a entender que a cidade é feita para as pessoas, e, não, exclusivamente, para os carros. Deste modo, assim como as rodovias servem aos veículos, as calçadas servem aos pedestres, no entanto, estas não tem merecido nem atenção, nem intervenção dos gestores. Em Feira, como não poderia ser diferente, ela existe ao Deus dará. A situação do deslocamento urbano a pé é absolutamente caótico, não havendo qualquer tipo de intervenção, manutenção, facilitação. O pedestre, de modo geral, é um invísivel. 
 
Abordei esta situação  em uma palestra que fiz no Dia da Cidade, na Câmara Municipal, mas é preciso uma luta permanente e conscientização para que todos entendam que as pequenas intervenções cotidianas tem extraordinário impacto na vida dos cidadãos: calçadas, sinalização, ausência de obstáculos, degraus, rampas,etc. É comum vermos postes no meio de uma calçada estreita colocados pelo gestor público,  muros colocados na calçada como a Tribuna mostrou recentemente na Avenida Nóide Cerqueira, com a sub-fiscalização habitual.
 
As calçadas de Feira são ocupadas por comerciantes, bares, carros de mão, cadeiras,  buracos, postes, e todo tipo de coisa que infernize e atrapalhe o deslocamento do cidadão. Ao invés, apenas,  de campanhas anunciando obras todo gestor deveria fazer campanhas educando o cidadão para esta desocupação e manter um programa permanente de manutenção das calçadas. 
 
Uma calçada ideal, segundo manual do CREA,  deve garantir acessibilidade , tamanho ideal(1,20m), fluidez ( os pedestres devem conseguir andar a velocidade constante), continuidade ( piso liso e antiderrapante, mesmo quando molhado, com declividade transversal de não mais de 3%), segurança ( sem riscos de queda ou tropeço), espaço de socialização ( áreas para econtro entre as pessoas), desenho de  paisagem (climas agradáveis que contribuam para o conforto visual do usuário), sinalização, entre outras normas técnicas mais específicas. 
 
Um estudo do IPEA estimou que entre 2002 e 2003, 9 a cada 1000 moradores de aglomerações urbanas brasileiras sofreram quedas como pedestres. Em Feira, com 600.000 habitantes, podemos estimar que, ao menos, 5400 pessoas foram vítimas de queda. O estudo estima que, àquela época, cada um custou em torno de R$2.800.00 reais ao sistema de saúde, mostrando o impacto que isto tem na vida da cidade e do cidadão. 
 
Pesquisas mostram que as calçadas são um dos ítens de maior preocupação entre os pedestres e precisa passar a fazer parte como prioridade das agendas administrativas. Em Feira, ainda selvagem neste uso das calçadas, o trabalho precisa ser compatível com o tamanho do problema. (Publicado no Tribuna Feirense)

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