Quem não defende nenhuma teoria
anticientífica no mínimo tem meia dúzia de amigos que o fazem. E esses amigos
podem ter desde ideias inofensivas, como acreditar em horóscopo a convicções
potencialmente desastrosas, como a de que o aquecimento global não foi
causado por humanos ou de que vacinas causam autismo. Ano passado, até mesmo a
completamente estapafúrdia teoria da Terra chata, derrubada há 2.500 anos,
virou tendência nas redes sociais.
Quem acha que a coisa está piorando tem
razão: 2016 foi o grande ano da notícia
falsa. Com uma mãozinha do Facebook, que traz para as pessoas
o que ele acha que elas querem ler – sem distinção da confiabilidade da fonte –
mentiras nunca foram tão fáceis de espalhar.
Um grupo de psicólogos divulgou um estudo
em que acreditam esclarecer como o que eles chamam de anti-iluminismo funciona.
Segundo eles, a primeira e mais notável
descoberta do estudo é que pessoas que defendem ideias anticientíficas não são
ignorantes nem desacreditam na ciência em geral. Eles fazem o que Matthew
Hornsey (da Universidade de Queensland, Austrália) descreve como “pensar como
um advogado”: escolher a dedo dados e informações “para chegarem a conclusões
que eles querem que sejam verdadeiras.”
“Descobrimos que as pessoas fogem dos
fatos para proteger todo o tipo de crença, inclusive as religiosas, políticas e
até mesmo crenças pessoais simples, como se eles são ou não bons em escolher um
browser da internet”, diz Troy Campbell, da Universidade do Oregon.
Outro integrante do estudo, Dan
Kahan, acredita que as pessoas selecionam evidências para reforçar suas
identidades (políticas, religiosas etc.) em vez de compreender melhor a
realidade: “e este é um estado de desorientação simétrico nos dois lados do
espectro político”.
O que fazer então? A proposta dos
piscólogos é simples: começar um assunto por algo com que a outra pessoa possa
concordar, para não iniciar o papo confrontando esse senso de identidade.
Em resumo, as pessoas ignoram fatos para
confirmar suas opiniões preestabelecidas, nascidas de causas políticas,
religiosas ou só de orgulho próprio mesmo. Provavelmente, isso não é surpresa
para ninguém que um dia usou um teclado para responder a um comentário no
Facebook. Mas a questão é: você já se pegou fazendo isso? (Super Interessante)
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