sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Estamos roubados


Antigamente as escolas apresentavam uma relação de livros e material escolar e os pais reclamavam dos preços. Sempre foi assim. Mas, com o passar do tempo os pais começaram a ter razão, e muita, em reclamar. Lá pelos idos de 1969 foi promovida uma reforma na língua portuguesa, o que obrigou as editoras a imprimir novas edições dos livros. Dessa forma, os antigos livros, que passavam de uma geração para a outra, já não serviam mais e os pais tiveram que comprar novos livros.
As editoras descobriram então o quão era lucrativo obrigar os pais a comprar novos livros todos os anos, para todos os filhos. Acabou aquele negócio do filho mais velho passar o livro para o mais novo, e assim sucessivamente, até que o livro se estragasse e não pudesse mais ser utilizado. Passaram a imprimir livros descartáveis, com páginas contendo exercícios que deveriam ser feitos no próprio livro, impedindo assim que fosse utilizado por ouro aluno no futuro.
As editoras também entraram em acordo com alguns colégios e professores, pagando-lhes régias comissões para que indicassem este ou aquele livro. A Educação passou a ser vista como um mercado promissor, muito lucrativo. Vieram as apostilas ou módulos, que acabaram sendo mais caros que os livros e também descartáveis.
Os pais dos alunos se defendem como podem. Organizam feiras de livros usados, promovem escambo, buscam a todo custo baratear e reduzir os preços do material escolar. Mas tem escola que abusa, principalmente no ensino infantil, onde se pede até papel higiênico e material de limpeza, entre outros absurdos. Os Procons reagem, proíbem certas práticas, fiscalizam e multam, mas as escolas sempre encontram um jeitinho de burlar a lei e tirar mais dos pais dos alunos.
Tudo isso acontece sob o olhar passivo e conivente das autoridades, dos governantes, que, aliás, aceitam que o ensino público seja o pior possível, com escolas desaparelhadas e professores mal pagos e mal capacitados. Por outro lado, o ensino particular vai de vento em popa, cobrando mensalidades altíssimas em escolas de nível de primeiro mundo, onde estudam os filhos dos governantes e dos ricos empresários.
Em toda campanha política a melhoria da Educação é um tema recorrente, mas é apenas figura de retórica, proferida por embromadores que só desejam o voto dos incautos e cujos filhos estão sendo bem preparados para no futuro serem os governantes dos alunos que passaram pela escola pública.
Todo país que investiu em Educação se tornou potência mundial. Mas, quem disse que interessa aos governantes brasileiros que o País seja uma grande potência, com uma população formada por gente esclarecida e pensante?
Só os trouxas, como nós, se deixam roubar diariamente sem reagir de forma alguma.

NE: Cristóvam Aguiar faz comentário as terças e sextas-feiras no Bom Dia Feira, da Rádio Princesa FM, que vai ao ar das 6 às 10hs.

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