sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Diário de Classe


A casa da estudante Isadora Faber, 13 anos, no bairro do Santinho, região norte de Florianópolis, foi apedrejada na segunda-feira passada (5), segundo a própria relatou na comunidade “Diário de Classe”, no Facebook.
“Ontem à noite, teve uma chuva de pedras em casa. Uma delas atingiu minha vó de 65 anos que sofre de uma doença degenerativa. Incrível como tem gente ignorante, gente que não tem mínimo de decência. Alguns coitados pensam que são donos de tudo e da verdade, pensam que podem nos intimidar, mas não vão conseguir”, escreveu a adolescente.  

              Faber ficou conhecida por denunciar na comunidade do Facebook o sucateamento do colégio público em que estuda. Depois das denúncias, a garota recebeu ameaças. Ela arregimentou mais de 340 mil seguidores na página em que denuncia os problemas da escola, e mesmo depois da fama não pensou em parar.

Depois de seu exemplo, estudantes por todo o Brasil criaram também seus diários de classe. Isadora acompanha as iniciativas e dá um conselho sério para quem quiser fazer denúncias contra outras escolas: “Tem que ter certeza do que está escrevendo e usar fotos para comprovar”.
Quem são os inimigos de Isadora? Por que tanto ódio contra ela? Os colegas e os pais deles, certamente não deveriam ser. Afinal, Isadora está exercendo a sua cidadania, denunciando o desmando e o descaso para com a Educação e o dinheiro público, este último, oriundo dos bolsos dos pais de Isadora e seus colegas, através dos impostos que pagam.
Mas o ódio contra Isadora vem justamente destes. Dos pais dos seus colegas, porque são coniventes com o governo e querem acobertar seus erros. Dos dirigentes das escolas, porque tiveram suas incompetências e conivências expostas. E dos seus colegas, por pura inveja, porque ela é inteligente, corajosa e estudiosa, bem ao contrário do padrão da maioria dos estudantes dos dias de hoje, mais preocupados em descobrir quem matou Max do que denunciar bandidos, ladrões e corruptos que assolam os poderes públicos.
E o pior é que tudo isto está acontecendo com o silencio cúmplice das instituições que deveriam defender os valores cidadãos da sociedade, como a OAB e a Maçonaria. Não falo da União Nacional dos Estudantes porque esta foi assimilada pelo poder desde que o PT assumiu o comando do Brasil. Da antiga e combativa entidade estudantil, nada restou.
Mas o “Diário de Classe” tem muitos seguidores e recebe muitos comentários como este: “Vivemos num país onde não se pode escrever biografias, o humor não pode rir da realidade e da sociedade, censura prévia de jornais e filmes. É triste quando os valores mais simples e democráticos são esquecidos. É uma vergonha ver que nosso país que tanto lutou pela democracia, hoje flerta com outro tipo de autoritarismo”.
Aproveitemos, pois, para escrever o nosso “Diário de Classe”, enquanto temos a internet para levar a nossa voz ao mundo, antes que ela também seja censurada, cooptada ou calada, como está acontecendo com a Imprensa brasileira.

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