terça-feira, 30 de agosto de 2011

Se procurar direitinho, acha


De repente descobriram que, para fundar o Partido Social Democrata (PSD), políticos brasileiros recolheram assinaturas até de defuntos. A prática não é nova. Já houve antecedentes. Antigamente, por imposição da ditadura militar, havia apenas dois partidos políticos: A Aliança Renovadora Nacional (Arena) e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB). A Arena era o partido do governo militar, e o MDB abrigava os políticos da oposição, ou seja, todos aqueles oriundos dos partidos extintos pela Ditadura, como o Partido Comunista e o próprio PSD, entre outros.
É comum, embora não devesse ser, que na hora de fundar um partido, se saia recolhendo assinaturas à torto e à direito, e muita gente assina as listas até sem saber o que está assinando. Como ninguém se dá ao trabalho de conferir as listas, há sempre assinaturas em duplicidade ou assinaturas falsas. E assim sendo, até defuntos levantam do seu repouso eterno para vir dar uma forcinha para aqueles que, em vida, foram seus correligionários políticos.
Porque precisamos de tantos partidos políticos? Porque quando um político se sente sem espaço ou desprestigiado dentro do seu partido, muda para outro. No Brasil, troca-se de partido como se troca uma roupa usada. Não há fidelidade, não há ideologia, há apenas o interesse imediato e particular de cada um. O resto que se dane.
E como é cada vez maior o número de gente entrando para a política buscando se locupletar nas benesses do poder, os partidos estão ficando pequenos para tanta gente. Então, vamos fundar mais partidos. O importante não é quantidade de bares, mas sim continuar a farra. Só que essa farra é patrocinada por nós, cidadãos contribuintes, vistos pelos políticos como otários que só servem mesmo para lhes dar votos e encher seus bolsos de dinheiro.
E por aí vai o trem da alegria percorrendo esse Brasil afora. E nesse caminho acontecem histórias pitorescas, como uma relatada, salvo engano, por Stanislaw Ponte Preta no seu impagável livro “Festival de Besteiras que Assola o País (Febeapa). Segundo ele, havia um delegado que assinava sem ler todo documento que caia sobre a sua mesa. Para desmoralizá-lo, um adversário político colocou sobre a mesa diversos atestados de residência, declarando que figuras mundialmente famosas, como Pelé, Charles De Gaulle e Winston Churchill, residiam naquela pequena cidade do interior. E o delegado assinou todos.
O fato voltou a acontecer aqui na Bahia, no município de Antônio Cardoso, onde um político adversário do responsável por emitir atestados de residência também assinava documentos sem ler. Diversas figuras notórias do cenário nacional, como políticos e até artistas de novelas, foram declarados como residentes em Antônio Cardoso.
A verdade é que as fraudes são muitas, cotidianas e corriqueiras, mas ninguém está interessado em procurá-las, seja por conveniência ou por desleixo. Mas quando aparece alguém interessado em procurar, seja por qual motivo for, acha.
Isso é Brasil.

Nenhum comentário: