Engana-se, quem acredita que igreja
e política caminham separadas. A Igreja Católica já capitaneou as chamadas
“Teocracias”, nações governadas pela Igreja cujas Constituições eram baseadas
na Bíblia. E nem por isso elas deixaram de entrar em guerras, enfrentar
revoluções, e seus povos foram tratados com mão de ferro, vivendo na pobreza e
na ignorância. A Santa Inquisição prendeu, torturou e matou, enforcados ou
queimados na fogueira, todo aquele que ousou discordar do regime teocrático.
Pode-se até dizer que o atraso
da ciência se deve à Igreja, que sob a acusação de práticas demoníacas, prendeu
e matou pessoas estudiosas, que tentavam desvendar os tais “mistérios” que a
Igreja não explicava. Um exemplo clássico é Galileu Galilei, que foi obrigado a
negar, sob ameaça de ser queimado na fogueira, sua descoberta de que a terra
girava em torno do sol, porque a Igreja afirmava que a terra era o centro do
universo.
Teoricamente, o Vaticano é um
país/estado neutro, encravado no seio da Itália, e não deveria interferir em
assuntos políticos. Não deveria, mas não é o que acontece. Porque no mundo
inteiro a Igreja Católica (e a protestante também), interferiram e interferem,
e muito, nas questões políticas das nações.
Aqui no Brasil ficou conhecido
como “Marcha da Família com Deus pela Liberdade”
uma série de manifestações públicas organizadas pela Igreja Católica, associada
a setores conservadores da sociedade brasileira, em resposta ao comício
realizado no Rio
de Janeiro, durante
o qual o presidente João Goulart anunciou seu programa
de reformas de base. O movimento congregou cerca de meio milhão de pessoas em repúdio ao presidente João Goulart e ao
regime comunista,
e desembocou no golpe militar que implantou uma ditadura no país.
Apesar
de estar perdendo espaço a passos largos para outras religiões, por conta de
diversos fatores, sendo, talvez, o principal deles escândalos financeiros e
sexuais envolvendo seus membros, a Igreja Católica ainda tem muita força
política. E é porque sei disso, que fico inquieto com esta crise que ora abala
o Vaticano, com a renuncia do Papa Bento XVI.
Eu
poderia marchar tranquilo com aqueles que acreditam até que Sua Santidade está
sendo coerente por renunciar a um cargo para o qual ele se julga inapto a
exercer, por conta da sua idade avençada e da fragilidade da sua saúde. Mas,
sei que, infelizmente, não é por isso. O Vaticano é o centro das maiores
batalhas políticas cujos resultados, em algum momento, afetam a ordem política
e econômica do mundo.
E essa
crise do Vaticano não poderia vir em pior momento. O mundo já está por demais
conturbado com a crise do Euro, com a crise atômica, com Irã e Coréia do Norte
desenvolvendo projetos nucleares, com o Islã aterrorizando o planeta,
objetivando matar todos os “infiéis”, e mais as crises políticas e morais que
assolam grandes países do mundo, inclusive o Brasil.
Oremos!
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