Hoje,
aos treze dias do conhecido mês mais curto do ano (fevereiro) do hipotético
Anno Dommini do ano de dois mil e treze, quem sabe? O "Face"
diuturnamente alterna, entre, como vai? Com, como está se sentindo? Talvez eu
possa autodiagnosticar uma bruta ressaca emocional na quarta-feira de cinzas,
com uma colheita contemporânea que não vingou, por falta de chuva, de interesse
das classes dominantes ou de decisão política. Até ao próximo Carnaval ou
“Micareme” (do francês, meia quaresma), ou Micareta se preferir, onde os votos
da burrice, e da cegueira dos povos parvos se renovam, durante quase todo o ano
de “Domínio do Senhor”, senhor do domínio sobre os dominados.
No passado, a abundância, esse era o
motivo para comemorar a colheita farta e todos louvavam dançando e cantando,
comendo pão, frutas, queijo, ervas e vinho, “o mais valia” para todos que
semeavam. Sim, esse era o motivo real da alegria e da verdadeira paz do
indivíduo, satisfazer em primeiro lugar suas necessidades primordiais, para
saciar a necessidade do espírito da forma que cada um acreditava. Na
antiguidade os gregos realizavam seus cultos em agradecimento aos deuses pela
fertilidade do solo e pela produção abundante e de forma ditirâmbica nossos
ancestrais louvavam Baco, Dionísio ou qualquer outro “deus oportunista, que
cedo ou tarde sempre acaba virando mentira (Mito), e era assim, pela fartura do
‘Centeio’, origem de todo alimento e toda felicidade das necessidades saciadas;
assim era a essência do Carnaval.
Não tenho o que comemorar, não devo
comemorar a riqueza ficando mais rica; retirando dos pobres diabos, o pouco que
eles possuem (assim é a distribuição da riqueza). O Carnaval é a metáfora da
vida, que é um eterno devir, mas algumas coisas jamais mudam. Meus semelhantes
morrem de sede, de tuberculose, de dengue! Pasmem! De fome e de toda falta de
higiene e necessidade que mata, em todas as partes do mundo. "O luar da
Criméia é o mesmo luar do meu Sertão", não é mesmo?
Sim, como
as necessidades são universais. Não tenho que dar vivas à diversidade
esquálida, acéfala e parda que fica espremida entre as cordas dos Blocos e os
Camarotes dos famosos e fartos. Somos uma sociedade hipócrita, racista, sexista
e homofóbica. Preconceito é o
nosso nome o ano inteiro, o tempo todo, e não seria no Carnaval, este curto
espaço de tempo, que mudaríamos isso, ao contrário, tudo se torna mais límpido
e transparente, quando do “Camarote” ou de cima do “Trio Elétrico” temos uma
visão panorâmica e privilegiada da “turba turva e tosca”, abobalhada e
alienada, referenciando em alegria a própria ignorância, pulando e gesticulando
burlescamente como ‘Pipoca em Asfalto Quente’, numa indisfarçável
triste/alegria de não se perceber miserável e desgraçado em sua proclamada e
rica de problemas diversidade baiana e brasileira.
O que é diversidade, senão uma
hermética universidade com máscara de Carnaval, que resisto em não reverenciar?
Ao contrário!
(Silvio
Portugal)
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