sábado, 16 de fevereiro de 2013

Será a diversidade baiana, negra, despolitizada, homossexual, pobre e burra?



         Hoje, aos treze dias do conhecido mês mais curto do ano (fevereiro) do hipotético Anno Dommini do ano de dois mil e treze, quem sabe? O "Face" diuturnamente alterna, entre, como vai? Com, como está se sentindo? Talvez eu possa autodiagnosticar uma bruta ressaca emocional na quarta-feira de cinzas, com uma colheita contemporânea que não vingou, por falta de chuva, de interesse das classes dominantes ou de decisão política. Até ao próximo Carnaval ou “Micareme” (do francês, meia quaresma), ou Micareta se preferir, onde os votos da burrice, e da cegueira dos povos parvos se renovam, durante quase todo o ano de “Domínio do Senhor”, senhor do domínio sobre os dominados.
            No passado, a abundância, esse era o motivo para comemorar a colheita farta e todos louvavam dançando e cantando, comendo pão, frutas, queijo, ervas e vinho, “o mais valia” para todos que semeavam. Sim, esse era o motivo real da alegria e da verdadeira paz do indivíduo, satisfazer em primeiro lugar suas necessidades primordiais, para saciar a necessidade do espírito da forma que cada um acreditava. Na antiguidade os gregos realizavam seus cultos em agradecimento aos deuses pela fertilidade do solo e pela produção abundante e de forma ditirâmbica nossos ancestrais louvavam Baco, Dionísio ou qualquer outro “deus oportunista, que cedo ou tarde sempre acaba virando mentira (Mito), e era assim, pela fartura do ‘Centeio’, origem de todo alimento e toda felicidade das necessidades saciadas; assim era a essência do Carnaval.
            Não tenho o que comemorar, não devo comemorar a riqueza ficando mais rica; retirando dos pobres diabos, o pouco que eles possuem (assim é a distribuição da riqueza). O Carnaval é a metáfora da vida, que é um eterno devir, mas algumas coisas jamais mudam. Meus semelhantes morrem de sede, de tuberculose, de dengue! Pasmem! De fome e de toda falta de higiene e necessidade que mata, em todas as partes do mundo. "O luar da Criméia é o mesmo luar do meu Sertão", não é mesmo?
Sim, como as necessidades são universais. Não tenho que dar vivas à diversidade esquálida, acéfala e parda que fica espremida entre as cordas dos Blocos e os Camarotes dos famosos e fartos. Somos uma sociedade hipócrita, racista, sexista e homofóbica.             Preconceito é o nosso nome o ano inteiro, o tempo todo, e não seria no Carnaval, este curto espaço de tempo, que mudaríamos isso, ao contrário, tudo se torna mais límpido e transparente, quando do “Camarote” ou de cima do “Trio Elétrico” temos uma visão panorâmica e privilegiada da “turba turva e tosca”, abobalhada e alienada, referenciando em alegria a própria ignorância, pulando e gesticulando burlescamente como ‘Pipoca em Asfalto Quente’, numa indisfarçável triste/alegria de não se perceber miserável e desgraçado em sua proclamada e rica de problemas diversidade baiana e brasileira.
            O que é diversidade, senão uma hermética universidade com máscara de Carnaval, que resisto em não reverenciar? Ao contrário!

(Silvio Portugal)

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