Pesquisadores holandeses podem ter encontrado uma
forma de apagar memórias indesejadas - uma façanha que até agora parecia
ser restrita a filmes de ficção científica.
Um novo experimento da Radboud University
Nijmegen sugere que pode ser possível destruir memórias específicas do
cérebro com a ajuda da terapia eletroconvulsiva ou de eletrochoques -
tratamento psiquiátrico que conta com a aplicação de correntes elétricas
no cérebro, provocando uma convulsão temporária.
A terapia eletroconvulsiva,
realizada normalmente em pacientes sob anestesia, é usada como
tratamento psiquiátrico há mais de 75 anos, mas costuma ser vista como
"desumana" e "antiquada".
Na Holanda, a prática é usada frequentemente como último recurso para tratar distúrbios como a depressão aguda.
Para deixar a experiência o mais confortável possível para o paciente, os médicos usam relaxantes musculares e anestésicos.
Mas para este estudo específico, os médicos
usaram a técnica para destruir memórias que foram "construídas" em
pessoas que já faziam tratamentos eletroconvulsivos.
Sem lembranças
Os pacientes recebiam dois grupos de
fotografias, cada um deles contando uma história diferente. Logo antes
da sessão de eletrochoque, eles tinham que observar uma das duas
histórias novamente, para reativar aquela memória específica.
Os resultados da experiência foram
impressionantes. Logo após o tratamento, eles haviam esquecido a
história do grupo de fotos que tinham acabado de ver, pela segunda vez.
A memória da outra história - que só havia sido vista uma vez - não foi afetada pela corrente elétrica.
"Não me lembro. Sei que eles me mostraram alguma
coisa, mas não lembro o que era", disse à BBC a holandesa Jannetje
Brussaard-Nieuwenhuizen, que faz terapia de eletrochoque desde 1969 para
tratar da depressão e participou do estudo.
Seu depoimento encorajou os pesquisadores. Eles
esperam que o estudo possa eventualmente ajudá-los a tratar distúrbios
como o transtorno do estresse pós-traumático.
Mesmo se a eficácia da técnica for
cientificamente comprovada, ainda restam dúvidas sobre as justificativas
e implicações de uma prática capaz de destruir memórias.
Os pesquisadores também ressaltam que o estudo
foi feito com memórias artificiais, mas as conexões profundas que
existem sob as memórias reais podem ser mais difíceis de apagar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário