Eparrei
Iansã/Vamos Saravá /Eparrei Iansã /A Deusa do Vento /Guerreira do Mar
Hoje
é dia de homenagear Santa Barbara, padroeira dos bombeiros e dos Mercados. Uma
celebração que se repete na Bahia há mais de 300 anos. A festa é reconhecida
como Patrimônio Imaterial desde 2008.
Em Feira de Santana,
católicos romanos e católicos do axé participaram ativamente das comemorações à
Santa Bárbara ou Iansã. Pela primeira vez, em 38 anos, a tradicional procissão
saiu da Igreja Senhor dos Passos rumo ao Centro de Abastecimento, onde é
padroeira. Também levaram nos ombros a imagem de São Jerônimo, ou Ogum para os
adeptos do candomblé. Contritos, de vermelho, branco ou vermelho e branco –
cores da divindade, uma pequena multidão acompanhou os andores. Ao longo do
caminho os fiéis prestaram homenagens.
Ora discreta e
em outras vezes nem tanto. A procissão, que passou pela avenida Getúlio Vargas,
aconteceu pela primeira vez. Fizeram o percurso em pouco menos de meia hora. Sob
um céu nublado, mas com temperatura alta. O andor estava enfeitado por dezenas
de rosas vermelhas, a cor predileta da orixá. Centenas de fiéis já esperavam as
imagens no entreposto, onde foi celebrada uma missa. É nesse momento que se
pode ver todo o sincretismo que move a fé dos baianos. Mães, pais e filhos de
santo, todos paramentados como se fossem participar de um evento religioso,
participaram de todos os momentos da missa, que foi celebrada pelo monsenhor
Luiz Rodrigues, com a participação do diácono Gilberto Rodrigues.
Para a mãe de
santo Maria José Santos, que veio de Conceição do Jacuípe, cidade também
conhecida como Berimbau, a divindade deve ser reverenciada no dia dedicado a
ela. “A gente não deve se importar se ela representa Santa Bárbara ou Iansã. O
importante é que a gente esteja aqui”, disse ela, que estava vaidosamente
vestida e enfeitada com acessórios, como é do gosto de Iansã, a guerreira deusa
dos raios e tempestades, na visão dos adeptos do candomblé. “Para a gente,
Iansã é muito mais do que uma santa. Eparrei!”.
Sebastiana
Santiago disse que desde a primeira edição da festa vai ao Centro de
Abastecimento. “É uma tradição religiosa que deve ser mantida por muito tempo,
porque é Santa Bárbara significa muito para os católicos e adeptos do
candomblé”. Católica praticante, disse não que não vê nada demais nesta
comemoração conjunta. “O que mais vale é a fé”, pontuou. O babalorixá Elias de
Bonfim concorda com a dona de casa. “A deusa é uma só para todos. Não vejo
problemas neste compartilhamento”.
Monsenhor Luiz
Rodrigues disse ver avanço, nas comemorações, o fato de neste ano acontecer
eventos religiosos na Igreja Senhor dos Passos e espera que nos próximos anos o
mesmo aconteça. “As homenagens a Santa Bárbara é uma das mais importantes
manifestações religiosas da nossa cidade. E, pelo visto, vai continuar
acontecendo durante muito tempo”, afirmou o secretário de Trabalho, Turismo e
Desenvolvimento Econômico, Antônio Carlos Borges Júnior, que representou o
prefeito José Ronaldo de Carvalho.
História da Santa
Santa Bárbara
sofreu o martírio provavelmente no Egito ou na Antioquia, por volta dos anos
235 ou 313. Sua vida foi escrita em diversos idiomas: grego, siríaco, armênio e
latim. Conforme a lenda, Santa Bárbara era uma jovem belíssima.
Dióscoro, seu
pai, era um pagão ciumento. A todo custo desejava resguardar a filha dos
pretendentes que a queriam em casamento.
Por isso encerrou-a numa torre. Na torre havia duas janelas, mas Santa Bárbara mandou construir uma terceira, em honra à Santíssima Trindade.
Por isso encerrou-a numa torre. Na torre havia duas janelas, mas Santa Bárbara mandou construir uma terceira, em honra à Santíssima Trindade.
Um dia,
entretanto, Dióscoro viajou. Santa Bárbara se fez então batizar, atraindo a ira
do próprio pai. Fugindo de seu perseguidor, os rochedos abriam-se para que ela
passasse. Descoberta e denunciada por um pastor, foi capturada pelo pai e
levada perante o tribunal. Santa Bárbara foi condenada a ser exibida nua por
todo o país.
Deus, porém, se
compadeceu de sua sorte, vestindo-a miraculosamente com um suntuoso manto.
Padeceu toda sorte de suplícios: foi queimada com grandes tochas e teve os
seios cortados. Foi executada pelo próprio pai, que lhe cortou a cabeça com uma
espada. Logo após sua morte, um raio fulminou seu assassino. É por isso que
Santa Bárbara é invocada, nas tempestades, contra o raio.
Isso teria se passado no dia 4 de
Dezembro, hoje dia dedicado à Santa. O seu culto espalhou-se rapidamente
pelo Oriente e pelo Ocidente, inclusive no Brasil. Santa Bárbara é a
Padroeira dos Bombeiros.
Na umbanda, Santa Bárbara corresponde a
Iansã, grande vencedora de demandas que protege e livra os fiéis de todos
os tipos de ataques, sejam de origem física, espiritual ou mental.
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