Tradição católica mantida por fiéis há
mais de quatro séculos, a festa de Nossa Senhora da Conceição da Praia tem hoje
(8) uma celebração especial. A Imaculada Conceição completa 40 anos como
padroeira principal do estado da Bahia. A história da festa, assim como a da
igreja, se confunde com a história da cidade de Salvador. A festa ultrapassa a
dimensão da fé e valoriza principalmente a cultura local e a memória. A santa
também é padroeira de diversos municípios no interior do estado.
O dia 8 de dezembro foi oficializado como
o dia de Nossa Senhora da Conceição da Praia por ser a data em que foi
proclamado o dogma da Conceição de Maria, em 1854, pelo Papa Pio IX, que confirmava
que a concepção da mãe de Jesus havia sido sem pecado. A pedido dos bispos da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil Regional Nordeste III, o Papa Paulo
VI decretou em 1971, Nossa Senhora da Conceição da Praia a padroeira da Bahia.
A mais antiga
A festa em louvor à Nossa Senhora da
Conceição da Praia é a mais antiga festa religiosa do Brasil, sendo comemorada
desde o ano de 1550. A primeira capela de taipa foi erguida a mando de Tomé de Souza
que, segundo alguns relatos, teria ajudado na sua construção. Alguns anos mais
tarde essa capela foi demolida e uma nova, feita de tijolos for mandada erigir
pela família Albuquerque Cavalcanti. A imponente igreja atual teve a sua
construção iniciada em 1739.
O ponto alto da festa religiosa, que se
inicia dias antes com a novena em louvor à santa, é a procissão que percorre as
ruas do comércio levando a imagem de Nossa Senhora da Conceição da Praia e do
Deus menino. Durante o trajeto, uma parada obrigatória na Igreja do Corpo
Santo, onde junta-se ao cortejo a imagem de São José. A Festa da Conceição,
como todas as festas populares religiosas de Salvador, não escapa às
manifestações profanas. Dezenas de barracas de bebidas fazem a festa da
população que tentam driblar o calor intenso de dezembro com umas cervejinhas
bem geladas.
A Igreja Basílica
Situa-se a igreja próxima do porto, no
sopé da Montanha onde nasce uma das mais antigas ladeiras de acesso à cidade
alta. O edifício está engastado na rocha viva. Sua vizinhança é constituída por
altos sobrados do século passado, de utilização mista: comercial e residencial.
A igreja integra o sítio da Conceição tombado pelo IPHAN (GP-1), e a encosta é
protegida pelo art. 113 da Lei Municipal nº 2.403 de 23.08.1972, como zona de
preservação rigorosa (GP-1). Edifício de elevado valor monumental.
A construção compreende, além da igreja,
dois corpos laterais que abrigam atividades da Irmandade e que se separam da
igreja por corredores longitudinais. O corredor esquerdo conduz a um pátio com
chafariz, onde nasce larga escadaria de mármore que leva à sala dos Irmãos. As
galerias cegas sobre os corredores laterais da nave, entre o térreo e o
primeiro andar, são um resíduo dos trifórios das igrejas medievais. O teto da
nave e da capela-mor são de J. Joaquim da Rocha (1772/73). Destaca-se ainda o
retábulo do altar-mor de João Moreira do Espírito Santo (1765/73).
Como entalhadores, trabalharam no séc.
XIX: Cândido Alves de Souza, Goldino Francisco Borges e Vitoriano dos Anjos
(1834/35). Possui na ante-sacristia azulejos tipo "grinalda" (séc.
XVIII), e na sacristia, azulejos de 1860. Na sacristia existe belo lavabo em
mármore com bacia em concha. Dentre a imaginária, destaca-se: imagem de N.S. da
Conceição, de Domingos Pereira Baião (1855).
Igreja pré-fabricada em Portugal, com
caracteres da arquitetura do Alentejo, Ca 1750, sob a influência de Ludovice. O
partido de três corpos separados por corredores fora adotado antes na igreja da
Ordem 3ª. de S. Domingos (1731/37). Sua planta é de transição, apresentando
capelas laterais, típicas do séc. XVII, e corredores com tribunas superpostas,
do começo do séc. XVIII. A nave oitavada é uma transição entre a forma
retangular seiscentista e a poligonal, frequente no séc. XVIII, provável
influência das igrejas do Menino Deus de Lisboa (1741) e S. João Batista de C.
Maior (1734). Smith vê na fachada do conjunto influência do P. de Mafra de
Ludovice.
Esta tendência em direção ao neo-clássico
é notada em outras igrejas que receberam componentes de Lisboa, como N. S. do
Pilar e, ainda sem explicação, em Santana. Seu interior é a 1ª. demonstração
completa do barroco de D. João V no Brasil. O altar-mor segue a linha de
existente em Monte Serrat e influenciou o da S. C. de Misericórdia. O teto da
nave obedece a concepção ilusionista barroca de origem italiana.
Fonte:
Cd-room IPAC-BA: Inventário de proteção do acervo cultural da Bahia, Bahia,
Secretaria de Cultura e Turismo
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