Outro dia, ouvi um companheiro
de jornada terrena comentando sobre os cuidados que as casas espíritas devem
ter ao permitir alguém palestrar sobre reencarnação.
Não sei os motivos do comentário, só sei que Kardec não
fundou nenhuma religião, e isso é o suficiente para não se instalar dogmas nessa
ciência espírita.
Talvez o termo “ciência
espírita” não seja o correto devido a versatilidade dessa doutrina que ora pode
ser realmente religião, ora filosofia de vida e ora ciência espírita.
Para os espiritualistas, a encarnação é uma coisa tão
dinâmica e tão científica que não se justifica nenhuma postura dogmática sobre
o tema.
Sei que mudar certos conceitos
não é fácil e sei também do preço alto que o saudoso pesquisador Ernani Guimarães
Andrade, pagou para levar ao Brasil e ao mundo as mais ricas informações científicas
sobre a espiritualidade.
A reencarnação, com ou sem explicações dogmáticas sempre
existiu entre espíritas, ateus e religiosos.
Se dez companheiros estiverem explicando
o processo reencarnatório e todos os dez tiverem explicações diferentes e
contraditórias, pode ter certeza de uma coisa, todos os dez estão certos.
A reencarnação não é uma
fórmula química onde a subtração ou adição de algum elemento altere o resultado.
A mesma teoria se aplica ao processo desencarne. Tudo depende do momento, da
situação e da sintonia mental do gerador
do evento.
A reencarnação é uma lei
natural e, mesmo assim, muitos companheiros continuam dogmatizando e acreditando
que, além das amizades espirituais, amealhadas nos centros espíritas, eles
ainda detém um passaporte que, após o seu desencarne, este lhe dará passagem
livre para alguma cidade espiritual tipo “Nosso Lar”.
E se não for assim, quem vai
lhe indenizar. Quem vai lhe mandar uma mensagem via “WhatSapp” dizendo: - me desculpe
companheiro de jornada, eu exagerei por “mea culpa, mea máxima culpa”.
O mundo espiritual é
benevolente, e no final dá tudo certo, mas não é preciso se descaracterizar o
trabalho do pedagogo Rivail Denizard lhe instalando dogmas e paradígmas de
religiosidade.
Assim como a religião é fundamental
na vida das pessoas, a doutrinária espírita, que não é religião e nem contém
dogmas, deveria ser matéria obrigatória no ensino básico de nossas escolas. Com
certeza, nossa relação social seria diferente.
Religião é algo fundamental e
necessário para uma convivência harmoniosa, pois ela é uma festa sagrada onde
se exercita o respeito, a fé, a gratidão e, acima de tudo, a harmonia familiar.
Todas as religiões trazem esse
princípio em seu bojo. Algumas exageram em suas tradições dogmáticas, outras extrapolam
a alegria de uma geração rebelde e muitas norteiam suas festas, na gratidão aos
antepassados. Todas são caminhos que levam ao mesmo lugar.
Todos, um dia, vamos morrer e quase todos voltaremos a
dividir espaço sobre a bola azul.
Todos se beneficiarão da Luz que
alumia o mundo e que nossos antepassados adoravam como sagrada, mas agora,
somos ensinados que isso era ignorância dos antigos, e que essa fonte de luz
divina, não passa de um grande gerador de câncer de pele.
Conrado Dantas
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