Uma equipe do Instituto de Pesquisa Scripps – um centro de pesquisa biomédica sem fins lucrativos localizado na Califórnia – descobriu uma enzima que impede a nicotina (princípio ativo do tabaco)
de chegar ao cérebro. Se ela funcionar tão bem em seres humanos quanto
nos testes com camundongos, pode se tornar a base de um tratamento
eficaz para o vício em cigarro.
As terapias disponíveis hoje não são muito boas em evitar recaídas:
algo entre 80% e 75% dos ex-fumantes volta à droga num prazo de 12
meses.
A enzima atende pelo código NicA2-J1 e é produzida por bactérias da espécie Pseudomonas putida com o DNA modificado sob medida
para as necessidades dos cientistas. Ela atua na corrente sanguínea e
“digere” a molécula de nicotina antes que ela possa atuar no sistema
nervoso. Nas palavras dos pesquisadores, “essa abordagem pode permitir
uma redução progressiva do nível de dependência, levando a uma
diminuição do desejo e evitando as recaídas que são induzidas pela
re-exposição à droga.”
Já se sabia que a NicA2-J1 era útil como uma espécie de vacina
contra o cigarro. Se um fumante de primeira viagem não sentir nada ao
consumir tabaco, ele não tentará repetir a experiência. Curar o vício é
outra história, porque não basta impedir que a droga faça efeito no
paciente: também é preciso fazer com que o paciente suporte a
abstinência. O trunfo da NicA2-J1 é que ela não quebra toda a nicotina: deixa um pouquinho em circulação, para que o paciente se acostume aos poucos à sua ausência.
Olivier Greg, um dos pesquisadores, explicou ao New Atlas:
“Ela remove nicotina o suficiente para reduzir o grau de dependência,
mas deixa o suficiente para evitar que as cobaias animais sofram uma
abstinência severa”. O próximo passo é começar os testes clínicos com
seres humanos – e ver se nós reagimos tão bem quanto os ratinhos ao
tratamento. (Super Interessante)
Nenhum comentário:
Postar um comentário