sexta-feira, 5 de outubro de 2018

O duplo-carpado de Ronaldo em direção a Bolsonaro

César Oliveira
Caso se confirme os dados da pesquisa eleitoral teremos um desastre monumental da oposição, na Bahia. Um 7x1 local. E esse desastre  tem um dono: ACM Neto, que conduziu o processo da forma mais egoísta,  e despreparada, possível. Enquanto Rui trabalhava e articulava, a Bahia esperava um candidato novo, na oposição, que vinha de um bom mandato como prefeito, mas eis que na undécima hora, na madrugada, o prefeito desistiu deixando todos os seus aliados na rua da amargura. E, mais ainda, deixou a Zé Ronaldo, o trabalho de tentar unificar a nova chapa, perdendo tempo, e nunca plenamente aceita por João Gualberto, por exemplo.
         Ronaldo que havia se preparado para o Senado, viu-se sem mala e cuia. Se mantém candidatura ao Senado, sabia que as chances eram remotas, afinal, ganhar o Senado sem um puxador de voto, é quase impossível. A possível eleição de Lázaro deve-se a existência de um fator extra-campo: a religião. Então, sacrificou-se pelo partido: foi ser candidato a governador, universalizando seu nome, gastando as verbas do partido, e ganhando crédito em caso de vitória nacional. Era sua melhor alternativa, ou voltar para a casa onde mora há 40 anos. Próximo a Casa Rosada, um restaurante caseiro.

          Acontece que o cenário nacional não obedeceu ao script e o apoio ao prefeito de Feira, sempre foi menor do que o necessário, é o que dizem. Outros dizem que a capital nunca engoliu o prefeito vindo do interior. E lógico que prefeitos deixados ao desamparo por Neto- mais do que o poder, políticos gostam da perspectiva do poder-  foram buscar abrigo nos braços do PT, de Rui, dificultando a campanha.
           Então, no último debate, Ronaldo – que, aliás, estava duro, incisivo, quase excessivo, a ponto de dar margem a Rui lhe dar um pito- surpreendeu e declarou apoio a Bolsonaro, contrariando Neto, que apóia Alckmin. A Bahia foi à loucura, e a notícia- dizem que plantada, não se sabe bem- correu o Brasil, afirmando que Neto havia deixado a campanha do ex-prefeito de Feira, o que foi desmentido depois.
            Alguns apontam traição em Ronaldo e outros que foi uma vingança pelo escasso apoio e falta de futuro. Uns dizem que ACM Neto gostaria de ser o negociador desse apoio no segundo turno e Ronaldo deu um drible da vaca, no líder. Uns que foi apenas descontrole. O próprio Ronaldo disse que seu objetivo maior é derrotar o PT. É possível que todos estejam certos; é possível que todos estejam errados. Como diz um amigo que já tem três frases para fazer um livro: o jogador é que sabe a hora de jogar. Ronaldo arriscou: espaço, parceria, partido, sucessão. Pode dar certo, e como animal político ele manterá um lugar ao sol; pode dar errado, e sempre restará a ótima feijoada da Casa Rosada.

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