sábado, 27 de outubro de 2018

Sempre haverá segunda-feira


Amanhã o Brasil fará uma escolha. Como já postei, não há escolha moralmente superior - o que só é permitido pela soberba e totalitarismo que cada um traz , e que resolveu polir com o verniz do discurso para si e a agressão virulenta para o outro-, mas há, nessa campanha de rejeição, escolhas estratégicas que as pessoas farão de acordo com o que julgam ser mais viável de ser regulado, limitado pelas instituições, imprensa, população. .
Há os que querem mais Estado e os que acham que o Estado mais enxuto, menos aparelhado, com redução da corrupção e da impunidade, é melhor. É, também, legítimo e precisa ser respeitado.
Evidente que chegaremos ao day after, fraturados, ressentidos, belicosos. Cometeremos então, um erro, que é julgar o outro por sua escolha política, em uma eleição em que só tem duas opções,- que certamente não preenche a melhor expectativa da maioria da população- como se isso fosse o bastante para estabelecer julgamentos de caráter. Há muitas razões a justificar o voto de cada um e a verdadeira democracia compreende a existência do divergente.

Tenho amigos, em grupos, dos dois lados. Temos discutido - e continuamos bebendo e jantando juntos-, tentando não perder o senso de limite. Evidente que, no universo de palavras que gastamos nesse período, haverá as servidas pelo demônio, mas é preciso que após a eleição nos dediquemos a reconciliação com os nossos. Não todos, evidente, que há os que passaram da linha da cintura e aloprados extremistas que compõem a miséria humana- demasiadamente humana- e que, por tóxicos, melhor serem mantidos longes. Sugiro, no entanto, que se esforce para que esses sejam no menor número possível.
Teremos que, após a eleição, desmanchar as fronteiras. Será hora de vigilância, exigência, defesa da liberdade, mas de uma grande conciliação nacional, doméstica, urbana, íntima. Faça sua parte em refazer as arestas, em exercer a paz cotidiana, afinal, não será pouco nosso trabalho: temos de guiar um país.
Sempre haverá segundas-feiras...

Nenhum comentário: