Você provavelmente não aguenta mais
ouvir de promoções e propagandas da Black Friday. Parece que ela está
acontecendo há séculos, mas o dia oficial de promoções só começa amanhã,
na última sexta-feira de novembro. A Black Friday e o dia em que as
lojas e marcas baixam os preços (ou fingem que baixam) por um dia e enlouquecem qualquer consumidor que queira comprar algo mais em conta.
A Black Friday acontece
sempre após o Dia de Ação de Graças, que é celebrado nos Estados Unidos
como um feriado para agradecer, comer e ficar em família. A data remonta
à 1621 e marca o evento em que nativos americanos se juntaram aos
colonos ingleses para uma ceia em comemoração às boas colheitas do ano –
algo um pouco mais complexo do que isso, como você pode ver aqui.
Por aqui não faz sentido comemorar a
Ação de Graças, já que se trata de um evento que simboliza a colonização
britânica da América do Norte, mas a Black Friday definitivamente caiu
no gosto brasileiro. Desde 2010, quando aconteceu a primeira Black
Friday no Brasil, o número de lojas que resolveu aderir à moda só
aumentou.
O termo Black Friday já foi utilizado
para designar coisas diferentes. O primeiro registro do uso do termo vem
de 1869, quando dois acionistas de Wall Street resolveram comprar
grandes quantidades de ouro dos Estados Unidos, esperando vender por
preços bem maiores. Mas em setembro daquele ano – numa sexta-feira – o
mercado de ouro quebrou, deixando diversos investidores e empresas de
Wall Street arruinadas – daí o “black” para se referir à crise daquela
sexta-feira.
Mas a Black Friday que conhecemos hoje
só surgiu bem depois. Nos EUA, também é comum que o Dia de Ação de
Graças – e as datas próximas – sejam marcadas por partidas de futebol
americano. Nos anos 1960, os policiais da cidade de Filadélfia usavam o
termo Black Friday para se referir à sexta-feira após o Dia de Ação de
Graças. É que no sábado acontecia um clássico do futebol americano
universitário – o do time da Academia do Exército Americano (Army Black
Knights) contra o da Academia da Marinha (o Navy Midshipmen).
A cidade ficava abarrotada ainda na
sexta, já que vinha gente de carro do país todo – o trânsito virava um
caos e os policiais não tinham descanso na sexta. Black Friday.
Quem se aproveitava da confusão eram
os comerciantes. Eles usavam o movimento para fazer promoções e atrair
os clientes. Começava a tradição. Mas o termo, e as promoções pós-ação
de graças, só se popularizaram mesmo no resto dos EUA depois dos anos
1980.
Além disso, há uma coincidência
linguística. Na época em que os comerciantes anotavam os lucros e
prejuízos das lojas à mão. A tinta vermelha era usada para os prejuízos;
a preta, para os lucros. A sexta-feira depois da ação de graças passou a
ser vista como uma oportunidade para que os lojistas vendessem mais, e
“entrassem no preto” – que, sim, é o equivalente a “entrar no azul” em
português. Essa associação pode ter ajudado o nome a pegar.
O Dia de Ação de Graças nos EUA também
ajudou a criar o imaginário do consumo. A data é conhecida pelos
desfiles que acontecem nas ruas do país, geralmente patrocinados por
grandes marcas. Essa tradição começou no final do século 19 e dura até
hoje, tendo como exemplo o famoso o desfile da loja de departamentos
Macy’s, que acontece anualmente em Nova York. As paradas geralmente
incluem alguma referência ao natal, como a chegada do papai noel. Esse é
o evento que marca oficialmente o início das compras de fim de ano.
Por aqui, a Black Friday já começou
pela internet. Em 2010, um site chamado Busca Descontos fez promoções
por aqui no dia da Black Friday americana (além de registrar o domínio
blackfriday.com.br). Cerca de 50 lojas online acompanharam, criando suas
Black Fridays Não demorou para outras marcas entrarem na onda – mesmo
que fizessem ofertas do tipo “pela metade do dobro”.
Para evitar as confusões nas lojas,
sites travados e, é claro, aumentar apelo consumista, muitas marcas
resolveram estender a Black Friday para a Black November, com promoções o
mês inteiro.
Como se não fosse o bastante, as lojas
online criaram a Cyber Monday. Não, ela não significa uma segunda feira
com descontos para produtos tecnológicos. O termo começou a ser usado
nos EUA em 2005, quando o comércio eletrônico ainda era incipiente, para
se referir a promoções feitas para comprar via internet. Hoje, que o
comércio online reina, a expressão mal faz sentido. Mas o termo segue
firme, e temos também uma “black segunda”. Haja grana pra gastar. (Superinteressante)
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