Você se sente melhor quando entra numa casa cheia de vasinhos de
plantas? Daqueles bonitos, decorados? Sente que está até respirando um
ar mais puro? Desculpa acabar com o seu sonho, mas, segundo
pesquisadores americanos, é tudo balela. Você pode até achar o verde
agradável, mas, falando em qualidade do ar, ter plantas em vasos não faz
grande diferença no resultado final.
Na verdade, a suposição de que essas plantinhas poderiam “purificar” o ar surgiu em 1989, quando a NASA conduziu o chamado Estudo do Ar Limpo,
para verificar se plantas domésticas comuns são capazes de remover
toxinas e poluentes para purificar o ar de ambientes fechados.
E o resultado deu positivo. Há apenas um porém: só funciona se você tiver um número absurdo de plantas. Absurdo mesmo: para uma casa ou escritório de 140 m2,
você precisaria de, no mínimo, 680 plantas domésticas para dar conta de
circular o ar e diluir a concentração de poluentes – e mesmo assim, só
conseguiria o mesmo efeito de um par de janelas abertas.
Ou seja: se a intenção é respirar melhor, vale muito mais a pena
manter uma ventilação natural em ambientes fechados do que ter plantas.
Essa foi a conclusão de uma revisão crítica baseada em 30 anos de
pesquisa, confirmando (mais uma vez) que as plantas domésticas têm pouco
ou nenhum valor real para melhora da qualidade do ar doméstico. Os
pesquisadores relataram esses resultados no periódico Journal of Exposure Science and Environmental Epidemiology, usando dados de mais de
Segundo os autores, o estudo da NASA só se mostrou um sucesso na
época porque ela conduziu seus experimentos em câmaras seladas de
laboratórios, ambiente que não chega nem perto de reproduzir com
precisão a vida real.
Todos os estudos que seguiram a mesma lógica eram imprecisos demais, e
usavam concentrações irrealisticamente altas de poluentes tóxicos. O
famoso estudo da Agência Espacial Americana chegou ao ponto de colocar
plantas em uma câmara hermética menor que um metro cúbico, com uma
quantidade notável de poluentes. Em um dia, os autores relataram que até
70% dos poluentes tóxicos no ar foram removidos pelas plantas. Mas essa
é uma situação impossível de se repetir na realidade.
Além disso, segundo os pesquisadores, absolutamente nenhum estudo
antigo controlou ou mediu a taxa de troca do ar interno com o externo,
algo que normalmente acontece em ambientes fechados. Abrir uma porta,
por exemplo, faz mais diferença na dispersão desses poluentes que manter
um uma planta num vaso.
Mas, claro, Isso não quer dizer que não devemos continuar pesquisando
a ação das plantas em câmaras fechadas. Descobrir como as plantas
filtram diversos poluentes é bem importante, mas é de bom tom que não se
extrapole possíveis descobertas para ambientes do mundo real.
“Este é certamente um exemplo de como as descobertas científicas
podem ser enganosas ou mal interpretadas ao longo do tempo”, diz Waring,
um dos autores da revisão atual. “Mas também é um ótimo exemplo de como
a ciência deve reexaminar e questionar continuamente suas descobertas,
para se aproximar da verdade do que realmente está acontecendo ao nosso
redor”.
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