sexta-feira, 6 de julho de 2012

Somos ou não desonestos?


           Ouço notícias e comentários que levam a crer que nós brasileiros carregamos a desonestidade no nosso DNA. Quer dizer: Somos geneticamente desonestos. Tudo leva a crer que isso seja verdade. Haja vista a multidão de ladrões, corruptos e corruptores, bandidos de toda espécie, que assolam o país. Do mais reles ladrão de galinhas aos ladrões de colarinho branco, todos são colocados no mesmo saco.
         Sem fazer apologia e sem defender a ilegalidade, eu busco apenas entender o fenômeno. Por que somos tão desonestos e tão coniventes com a desonestidade? Antes que alguém ai se arrepie, eu peço que faça um exame de consciência e verifique se em alguns momentos da sua vida não cometeu um crime. Se formos bem honestos nestes exames veremos, às vezes com surpresa, que também somos desonestos. Não acredita? então eu pergunto: Já comprou um CD ou DVD pirata?
         Mas, a questão não é o que fazemos e sim por que fazemos. Eu diria que quando colocamos estes pequenos crimes estamos apenas nos defendendo da roubalheira a que somos submetidos diariamente, na maioria das vezes, sem nem mesmo perceber que estamos sendo roubados.
         Comecemos pelo Governo que nos impõe uma pesada carga tributária a título de custear os serviços de infraestrutura que necessitamos. Só que além de escorchante tal carga tributária, em muitos casos, é desonesta. Como exemplo, vejamos o caso das estradas. Pagamos o Imposto sobre Veículo Automotivo (IPVA) cuja arrecadação deveria ser aplicada na construção e conservação de estradas. Mas, o governo não executa o serviço e o terceiriza para empresas que novamente nos cobra para transitar nas estradas num flagrante caso de bitributação. Na verdade, tri tributação, porque quando abastecemos nossos veículos a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) já vem embutida no preço do combustível e ele teria a mesma finalidade do IPVA.
         Some-se a isso os casos de cobranças indevidas feitas por empresas estatais ou concessionárias do governo como fornecedores de água e energia, ou operadora de telefonia, contra as quais não temos a quem apelar. É pagar ou não ter o serviço. Vejamos também o caso dos transportes coletivos urbanos. Por que alguém se arriscaria a perder a vida em transportes clandestinos? Porque o transporte regular é caro e de péssima qualidade.
         E tudo isso acontece diariamente sem que tenhamos quem nos defenda, porque os nossos representantes, aqueles que elegemos para cuidar dessas coisas para nós que trabalhamos e pagamos impostos, simplesmente estão mais ocupados com suas falcatruas e roubalheiras do que com a defesa dos interesses de nós, seus empregadores, que pagamos os seus salários.
         Por isso eu digo que não somos desonestos. Apenas a gente se defende como pode.

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